Concessão da homenagem a Edival Cajá faz parte de série de iniciativas do DCE e da reitoria da Unirio na luta por memória, verdade e justiça. Em 2024, universidade também diplomou estudantes assassinados e criou Comissão da Verdade
Felipe Annunziata | Redação
Foi com a presença de jovens e experientes lutadores sociais que o Auditório Vera Janacopoulos, na Universidade Federal do Estado do RJ (Unirio), testemunhou a concessão do título de doutor Honoris Causa a Edival Nunes Cajá, ex-preso político na ditadura militar fascista e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR).
A homenagem foi uma iniciativa do DCE e da Reitoria da Unirio. Em abril deste ano, o golpe militar fascista completou 60 anos, e uma série de ações por memória, verdade e reparação aconteceram na instituição. Além da homenagem a Cajá, estudantes assassinados foram diplomados e a universidade criou uma Comissão da Verdade para investigar os crimes cometidos contra alunos, docentes e funcionários.
Tanto o reitor da Unirio, José da Costa Filho, quanto a vice-reitora, Bruna Silva do Nascimento, ressaltaram a presença e a animação de centenas de jovens na cerimônia e a importância de o título ser concedido a um militante revolucionário, nordestino e negro.
Na cerimônia também falaram Katerine Oliveira, da Coordenação Nacional da UJR, e Mariela Cajá, filha do homenageado. As duas falas, cercadas de emoção, ressaltaram a luta de Edival Cajá, a construção do PCR nas últimas cinco décadas e sua luta contra a ditadura, mesmo após o sequestro e as torturas que sofreu nas mãos do Estado, em 1978.
Cajá, por sua vez, lembrou que sua titulação não é fruto de um esforço individual, mas de uma luta coletiva. Além disso, lembrou que se hoje ele pode receber este título, é porque o PCR é resultado da luta de Manoel Lisboa, Manoel Aleixo, Amaro Luiz de Carvalho, Amaro Félix e Emmanuel Bezerra, heróis do povo brasileiro brutalmente assassinados pela ditadura.
“Queria agradecer a esta Reitoria e a todos os presentes pela atenção, pelo carinho e pelo desejo de caminharmos juntos no rumo da emancipação da classe trabalhadora. Vamos sair daqui mais fortes porque estamos levando conosco a memória de uma caminhada de mais de 500 anos de resistência”, afirmou Cajá ao receber o diploma.
A titulação de Cajá como doutor Honoris Causa é mais uma prova da justeza da luta contra os agentes da ditadura e de seus defensores, que ainda hoje tentam dar mais um golpe para instaurar outra ditadura militar no Brasil.
Matéria publicada na edição impressa nº 304 do jornal A Verdade