Atuação do Movimento Correnteza e do Movimento de Mulheres Olga Benario no Encontro de Mulheres Estudantes da UNE pautou a permanência das mulheres na universidade, a garantia dos seus direitos e o combate à violência de gênero nas instituições de ensino superior.
Maria Eduarda | Recife (PE)
A abertura do 11º Encontro de Mulheres Estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi realizada no dia 29 de novembro, na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Dany Oliveira, diretora Executiva da UNE, representou o Movimento Correnteza na mesa. Já Kivia Moreira, estudante da UFRN e membro da Coordenação Nacional do Movimento Olga Benario, afirmou que “a nossa luta fundamental é contra o fascismo, varrer de vez das universidades todo professor nazista, todo estudante assediador, de qualquer universidade”.
No segundo dia, o evento foi marcado por um ato em defesa da vida das mulheres, denunciando a PEC 164 (“PEC do Estupro”), que criminaliza o aborto no Brasil, incluindo os casos permitidos pela Legislação Brasileira, não dando liberdade de escolha às mulheres em relação ao seu próprio corpo. O ato exigiu também a prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas e o fim da escala 6×1, que afeta muito mais as mulheres trabalhadoras, obrigadas a triplas jornadas de trabalho, dentro e fora de casa.
“A sociedade que me obriga a parir é a mesma sociedade que não me dá condições de trabalhar, estudar e cuidar dos meus filhos. A escala 6×1 consome pelo menos dez horas do dia de uma trabalhadora. Se ela for estudante, significa dormir, no máximo, seis horas por dia”, denunciou Eunice Brasil, diretora de Mulheres da UNE pelo Movimento Correnteza.
Além disso, também houve diversos grupos de debate, pautando principalmente a permanência das mulheres na universidade e a garantia dos seus direitos, como a segurança dentro dos campi, ampliação das políticas de assistência estudantil e o combate à violência de gênero nas instituições de ensino superior.
“Com cortes na educação, não há melhorias e melhor acolhimento das mulheres na universidade, assim como a jornada de trabalho 6×1 não nos permite trabalhar, estudar e cuidar de nossas famílias, nem de nós mesmas. A luta deve ser conjunta com as pautas dos trabalhadores, até porque nós somos trabalhadoras também”, afirmou Sued Carvalho, presidente da Unidade Popular no Ceará e convidada para um dos grupos.
O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma plenária de apresentação, colocando a importância da organização das mulheres da classe trabalhadora contra os mecanismos de ataque do sistema capitalista, destacando que a luta de emancipação feminina deve sempre pautar a luta de classes.
Na plenária também foi apresentado o projeto da “Sala Lilás”, na USP, assim como as casas de referência que o Movimento organiza em vários estados para acolhimento de mulheres vítimas de violência. “A gente tem conseguido pautar o que fizemos na USP, a Sala Lilás, pois é importante os estudantes se organizarem quando faltam espaços nas universidades e criar seus próprios mecanismos de acolhimento e de denúncia sobre os casos de assédio”, destacou Beatriz Firmino, diretora da UNE.
Grupos de debate
Os grupos de debate continuaram com temas sobre a descolonização da educação; a desmilitarização dos territórios; a luta contra o assédio nas universidades.
“Infelizmente, hoje, a universidade não é um espaço que apoia as mulheres. São vários ataques que sofremos constantemente. Por exemplo, quando uma estudante foi assassinada dentro da universidade, numa calourada, a Reitoria culpabilizou o movimento estudantil, se isentando da responsabilidade. Para o agressor ser expulso da instituição, tivemos que nos mobilizar”, relata Jéssica Nathalia, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP).
Às companheiras que tombaram
Também foram homenageadas as companheiras que tiveram suas vidas ceifadas pelo sistema capitalista. Companheiras que lutaram até o último suspiro pela construção de uma sociedade socialista.
Sarah Domingues, presente!
Vênus Evangeline, presente!
Amêli, presente!
Janaína Bezerra, presente!
Raquel Rocha, presente!
Agora e sempre!
Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade