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sábado, 15 de março de 2025

Exploração de petróleo representa um risco para a Amazônia

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A exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas avança em meio a pressões políticas e riscos ambientais. O Ibama sofre pressão para liberar a licença, apesar de falhas nos planos de emergência.

Denily Fonseca | Belém (PA)


BRASIL – Na majestosa Foz do Rio Amazonas, onde há um espetáculo de biodiversidade, uma sombra se aproxima: a exploração do petróleo. Este rico ecossistema, que abriga uma infinidade de espécies e sustenta comunidades tradicionais, está sob ameaça. A corrida pelo ouro negro, impulsionada por interesses capitalistas, levanta questões profundas sobre a justiça social e ambiental.

A estratégia do governo e da Petrobras de rebatizar a região como “Margem Equatorial” não é inocente. Trata-se de um conluio para desfazer a conexão direta com a Amazônia. Enquanto o termo “Foz do Amazonas” recorda imagens de biodiversidade única, “Margem Equatorial” soa técnico e genérico, facilitando a aceitação de um projeto que promete lucros bilionários para poucos e destruição para muitos, sob o manto do “desenvolvimento responsável”. 

Pressão sobre o Ibama

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) virou alvo de ataques de parlamentares ligados aos ricos, sofre pressão do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e do próprio Governo Federal, que busca manter suas alianças. Lula criticou publicamente o “lenga-lenga” do órgão, pressionando por uma licença rápida para a Petrobras, mesmo com lacunas nos planos de emergência para vazamentos. A petrolífera, que inicialmente propôs uma base de resposta a acidentes a 870 km da área de exploração, só após pressões apresentou um projeto a 150 km, ainda insuficiente para evitar desastres em correntes marítimas intensas.  

A justificativa de que o petróleo financiará a “transição energética” é uma cortina de fumaça. Enquanto os países afirmam que discutirão o fim dos combustíveis fósseis e a transição energética na COP 30, que será realizada em Belém do Pará, em novembro, os grandes acionistas do petróleo planejam abrir uma nova fronteira de exploração, contradizendo os compromissos climáticos. “Não há problema em explorar petróleo enquanto falamos de clima”, diz o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago.

Em discurso no Amapá, o presidente Lula defendeu: “Enquanto Suriname e Guiana ficam ricos, nós vamos comer pão com água?”. Contudo, tanto lá quanto aqui, a riqueza gerada pelo petróleo raramente chega ao povo. Dizem ainda que a exploração trará “emprego e dignidade” aos 28 milhões de amazônidas, porém, com a Usina de Belo Monte, prometeram progresso e entregaram caos social e ambiental.

Enquanto o povo amapaense sofre pagando a 10ª conta de luz mais cara do país, um navio-sonda da Petrobras gasta R$3 milhões por dia parado no mar, aguardando licença para perfurar a costa da Amazônia. O bloco FZA-M-59, cobiçado pela estatal, promete até 14 bilhões de barris de petróleo, mas também ameaça extinguir botos, peixes-boi e corais únicos no planeta, com potencial de gerar enorme desiquilíbrio na natureza. Para os ruralistas, políticos e executivos de terno, é o “novo pré-sal”. Para as comunidades tradicionais, é mais um capítulo de um genocídio anunciado.

Vejamos bem, a Petrobras reservou R$ 3 bilhões para perfurar 16 poços na região, enquanto só 11% de seus investimentos são em energias limpas. As empresas TotalEnergies e BP já fugiram do projeto, deixando o risco ambiental para o Brasil. Mesmo com a aposta no ambicioso projeto, a ciência é clara: a Amazônia pode entrar em colapso em 25 anos se o desmatamento e a exploração continuarem. O mundo precisa reduzir o consumo de petróleo em 60% até 2030, mas os bilionários insistem em cavar mais poços. 

De fato, como vimos, os grandes conglomerados petrolíferos, representados por super-ricos e que acumulam fortunas astronômicas, veem na Amazônia uma oportunidade de lucro sem precedentes. No entanto, essa busca desenfreada por recursos naturais ignora a vida dos povos tradicionais e o meio ambiente. Comunidades ribeirinhas e indígenas, que dependem da terra e das águas para sua sobrevivência, enfrentam a devastação de seus lares e modos de vida. A exploração do petróleo não é apenas uma questão econômica; é uma questão de direitos humanos.

Lutar pela Amazônia e pelo socialismo

Nesse sentido, o sistema capitalista, que prioriza o lucro acima de tudo, se revela como um verdadeiro vilão nessa história. A lógica de maximizar ganhos para poucos, enquanto muitos sofrem as consequências, é insustentável. A aliança entre governos e empresários ricos, que prometem desenvolvimento e progresso, resulta em promessas vazias e em um aumento da desigualdade na Amazônia. O que se vê é a concentração de riqueza nas mãos de poucos, enquanto as comunidades locais são deixadas à mercê da degradação ambiental e da exploração.

A solução para essa crise não está em fazer alianças com os poderosos, mas em repensar o modelo econômico que rege nossas vidas. É hora de construir um novo caminho, onde o socialismo se apresenta como uma alternativa real para o nosso povo. Um sistema que priorize o bem-estar coletivo, a justiça social e a preservação ambiental. Um modelo que valorize a vida e a dignidade humana acima do lucro.


Matéria publicada no jornal A Verdade impresso edição nº308

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