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terça-feira, 24 de junho de 2025

Basta de feminicídio! Gabriela Mariel vive!

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Por que eu não posso ver a minha mãe? Eu quero me despedir da minha mãe”, essas foram as últimas palavras de uma filha para sua mãe prestes a ser enterrada.

Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES| No dia 2 de junho, Gabriela Mariel Silvério, 33 anos, uma das principais lideranças do Movimento de Mulheres Olga Benario e militante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), foi vítima de feminicídio, brutalmente assassinada por seu marido na cidade de Mauá, na região do ABC Paulista, no estado de São Paulo.

Mãe solo, trabalhadora da escala 6×1 no shopping de São Caetano, outra cidade da região do ABC e PCD. Gabi deixou sua filha de 9 anos, também Pessoa Com Deficiência.

O crime aconteceu na manhã de segunda-feira (02) e foi notificado somente na terça-feira, durante a tarde. Então, no dia 03 de junho, uma parte da militância se reuniu e foi aprovado com unanimidade uma manifestação cobrando justiça por Gabriela às 05 horas da manhã do dia seguinte (04) em frente à estação de trem, região central da cidade.

Ato por Justiça para Gabriela Mariel (Foto: JAV/SP)

A manifestação contou com a participação de mais de 160 pessoas em um ato simbólico com falas emocionantes, intervenções culturais e velas espalhadas pelo local. Inúmeras trabalhadoras e trabalhadores que passaram por ali se solidarizaram, das quais algumas relataram ser amigas e conhecidas de Gabriela. Em seguida, o ato percorreu uma caminhada até o Cemitério Municipal Santa Lídia, onde ocorreu o velório e o sepultamento com caixão lacrado, com o final marcado pelo grito aguerrido de seus camaradas: “GABRIELA MARIEL PRESENTE AGORA E SEMPRE!”.

Por que eu não posso ver a minha mãe? Eu quero me despedir da minha mãe”, essas foram as últimas palavras de uma filha para sua mãe prestes a ser enterrada. Ela tem, entretanto, a memória de uma Gabriela forte e guerreira, que nunca desistiu de lutar, mesmo em meio a uma realidade cruel imposta por este sistema, onde as mulheres desde novas são obrigadas a cuidar da casa e assumir grandes responsabilidades como o cuidado das crianças e dos idosos, e, que há 6 meses, tomou a decisão de não mais individualizar sua luta diária, mas dedicar sua vida para destruir o capitalismo e construir uma nova sociedade, a sociedade socialista:

As mulheres, elas são as mais afetadas pelo capitalismo e pelas suas contradições, né, as mulheres são as que mais sofrem com locomoção… E com uma revolução socialista as mulheres têm um papel fundamental, começam a participar devidamente da sociedade, não sendo menosprezada dentro da sociedade. A gente tem uma equivalência dentro da sociedade com os homens e nós temos os nossos direitos garantidos dentro de uma sociedade socialista” relatou Gabi em uma entrevista dada no dia 22 de Março de 2025, durante o ato do 8 de Março na região do ABC.

Gabriela foi coordenadora da Ocupação da Mulher Operária Alceri Maria Gomes da Silva em São Caetano (SP) e esteve na linha de frente na luta pela Delegacia da Mulher 24 horas em Mauá, pelos serviços de atendimento às vítimas de violências e pelo direito das mulheres e das crianças.

Esse foi o 6° feminicídio notificado na região do ABC Paulista apenas no primeiro semestre de 2025 – 50% a mais do que em comparação com o ano inteiro de 2024. O que matou Gabriela Mariel foi a violência doméstica, mas principalmente a violência e a ausência do Estado, que tantas vezes se omite frente a realidade brutal que vivem as mulheres trabalhadoras.

Segundo o IBGE, no Brasil 1 em cada 5 pessoas moram de aluguel. Gabriela era uma das pessoas da lista para ser beneficiada no programa Minha Casa, Minha Vida Entidades, que foi conquistado pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas através das ocupações Manoel Aleixo e Antônio Conselheiro, realizadas na cidade.

Acontece que durante o período em que Gabi se inseriu na luta até o seu assassinato, foi impedida de acessar sua moradia conquistada, graças a burocratização do Governo Federal e da prefeitura com o processo de documentação para viabilizar a construção das casas, mais um fator que poderia ter impedido este assassinato.

Ato por Justiça por Gabriela Mariel é recebido na porta da prefeitura com GCM, ROMU e ROTAM. (Foto: JAV/SP)

Na sexta-feira (06), dando continuidade ao calendário de lutas, foi realizado um grande ato partindo da estação de trem rumo ao teatro da cidade de Mauá, localizado ao lado da prefeitura, onde mais cedo 5 companheiras, ao cobrar respostas do então prefeito Marcelo Oliveira (PT), foram recebidas com repressão da Guarda Civil Municipal na prefeitura que possui os escritos “A Casa do Povo”.

No teatro acontecia o evento “Plano Plurianual Participativo”, que em teoria deveria envolver a participação da sociedade na definição de prioridades e diretrizes do governo para um período de quatro anos. Na prática, os portões do teatro estavam fechados com cadeado e à sua frente haviam inúmeras viaturas da GCM e da Romu na tentativa de amedrontar as mulheres e impedir que os manifestantes acessassem ao teatro para falar com o prefeito.

No sábado (07), dia de Brigada Nacional do Jornal A Verdade, o clima de lutas garantiu uma banquinha na estação de trem de Mauá com a venda de 110 jornais, sendo 10 a mais que a meta, em homenagem à companheira Gabriela. “Gabi se destacava como brigadista do Jornal A Verdade, sempre que pegava um uber, esperava o ônibus, apresentava as ideias do Jornal e sempre vendia. Ela não tinha defensivas e falava com o povo sobre o socialismo sempre!”, afirma Maria Clara, coordenadora do Olga em Mauá e também companheira de luta da Gabriela.

Todo o conjunto da militância se encontra em profundo luto e tristeza. Gabriela Mariel foi vítima desse sistema capitalista, em que milhões de mulheres trabalham numa escala de trabalho desumana para receber salários miseráveis que não permitem pagar o aluguel, se alimentar, sustentar suas filhas e filhos e por isso, precisam morar com seus agressores para dividir as contas.

Apesar disso, no último domingo, realizaram uma assembleia com toda a militância do Olga e da UP para debater os próximos passos da luta. O clima é de combatividade e muita disposição para encontrar mais mulheres e travar uma luta ainda mais consequente, para que cada vez mais se avance rumo à destruição do capitalismo, essa sociedade que não permite que as mulheres vivam. Estar viva e passando fome; desempregada; morando ao lado de esgoto a céu aberto; vendo seus filhos serem assassinados pela polícia; sofrendo violência doméstica; tendo medo de ficar sem casa a cada gota que cai do céu, não é viver, é sobreviver.

Assim, o Movimento de Mulheres Olga Benario no estado de São Paulo lançou a campanha “Basta de feminicídio! Nenhuma a Menos! Justiça por Gabriela Mariel!” para que cada núcleo organize atos denunciando os casos de feminicídio nas regiões do estado e chame mais mulheres para a luta pelo fim dos feminicídios e pelo socialismo.

Para que as mulheres e crianças possam viver com dignidade, com educação, livre da violência e da exploração: somente na sociedade socialista! Gabriela sabia disso e agora, fruto de sua luta e memória, muitas mais saberão!

O Movimento de Mulheres Olga Benario, a Unidade Popular pelo Socialismo, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e o Partido Comunista Revolucionário se despedem de Gabriela em vida, mas dando a certeza de que suas ideias e pensamentos jamais morrerão e de que sua luta terá como consequência final uma grande revolução que colocará a classe trabalhadora no poder deste país e futuramente de todo o mundo!

VIVA A LUTA DAS MULHERES COMUNISTAS!
GABRIELA MARIEL PRESENTE AGORA E SEMPRE!

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