UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Os ensinamentos do livro “Greve na Fábrica”

Leia também

Publicado em 1978, o livro Greve na Fábrica de Robert Linhart nos fornece uma poderosa reflexão sobre a cultura operária e uma rica experiência para aqueles que lutam pela emancipação de todos os trabalhadores. 

Waldemar Guerra | Santos (SP)


CULTURA – Um jovem francês ingressa numa fábrica, a montadora de carros Citroen, e logo se depara com aquele sistema de operações interligado: máquinas, martelos, soldas, fogo, pedaços de coisas insignificantes se transformando em motores e carros coloridos. A peça chave de tudo isso? Milhares de operários.

Imediatamente, Robert, sofre com a dificuldade de se adaptar a fábrica, pois o ritmo das esteiras, os movimentos contados, as lesões físicas impostas para produzir na mesma qualidade e velocidade que os outros operários não é algo que se adquire da noite para o dia, foram meses nisso.

Mas, finalmente acontece, é quando ele se pergunta: “Que fiz eu em quatro meses além dos [motores] 2CV? Não vim a Citroen fabricar carros mas ‘para fazer o trabalho de organização da classe operária’. Para dar uma contribuição à resistência, às lutas, à Revolução![…] Por onde começar?” Organizar a Greve!

Robert começa a mapear os trabalhadores, suas qualidades e defeitos, sua origem de classe, passa a distribuir jornais e organizar conversas pelos corredores, desloca outro militante externo a produção para panfletar diariamente. Assim que Citroen ataca aumentando a jornada, já se tem alguns ganhos pra luta e é montado uma comissão de fábrica.

Aos poucos a reunião pós trabalho aumenta, as tarefas são distribuídas, e Robert se encarrega cada vez mais de tarefas de direção política da greve. Existem muitas dificuldades, a direção da fábrica transformou o sindicato em verdadeiros capangas, existe o medo de perder o emprego, etc. Confiar na classe é a imposição da situação.

Nossas tarefas

Muitos militantes das nossas fileiras, como eu, receberam a honrosa tarefa de ingressar numa fábrica, porto, oficina, com a tarefa de se entranhar entre a classe operária. Essa tarefa não é simples, pois a tal “disciplina férrea” e toda dureza necessária para um operário não cai do céu, nem se desenvolve sem sacrifícios.

É preciso mudar toda rotina de sono, é preciso se alimentar direito, é preciso não cair na rotina asfixiante da produção, é preciso não cair nos desvios pequeno-burgueses de ascensão financeira, é preciso estudar e não perder a perspectiva revolucionária!

Esse livro em muito descreveu minha rotina e dificuldades, mas sem sombra de dúvidas, o erro que Robert comete nos ensina que não devemos analisar as coisas só pela aparência, pela fotografia do que parece ser, mas, devemos analisar os acontecimentos em constante movimento.

Aprendemos que não adianta tomar atitudes isoladas e esperar que elas tenham resultados espetaculares, é necessário sim o “Diário, Sistemático e Contínuo”, pois cada pequeno avanço conta pra luta, por mais que pareça insignificante.

Lembra daquela brigada na fábrica que não vendeu nenhum jornal? O operário também lembra de você lá. Aquela reunião que você chamou, mas ninguém foi? Não passou despercebida. A meta é não se deixar levar pelos números, ao passo que o menor avanço representa o fortalecimento do Partido.

Para concluir, devemos compartilhar mais nossas experiências com matérias do nosso jornal sobre a realidade nos nossos postos, mais indicações de leitura, formar uma corrente forte e contribuir com todo o Partido. Sim, camaradas, “Se nada somos em tal mundo, sejamos tudo, ó produtores!”

*Greve na Fábrica (L’Etabli) – Robert Linhart, Editora Paz e Terra, 1978

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos