Prisão de presidente da ALERJ, suspeito de vazar operação que mirava influência do crime organizado no governo do Rio, mostra a quem serve a política de violência urbana.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – O Rio de Janeiro passou mais uma semana marcada por uma operação policial. Desta vez, não houve centenas de mortos ou troca de tiros que levam ao fechamento de escolas e postos de saúde. Liderada pela Polícia Federal, a Operação “Unha e Carne” prendeu o presidente da Assembleia Legislativa do RJ, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil).
Esta operação mostra mais uma vez quem de fato está por trás do domínio das facções criminosas de vários territórios do Rio de Janeiro. Ao contrário dos discursos dos políticos fascistas, as operações militares nas favelas nunca resolverão o problema da violência urbana. Na realidade, essas ações das polícias só servem para ampliar o domínio político dos representantes da direita e do fascismo, como o Jornal A Verdade na edição nº325.
A operação desta quarta denunciou o vínculo do presidente da ALERJ com o ex-deputado TH Jóias, suspeito de lavar dinheiro para os chefes da facção Comando Vermelho. Bacellar teria vazado a operação que prendeu TH e ajudado na fuga do representante da facção na ALERJ.
Mostrando a hipocrisia dos deputados de direita, Bacellar comemorou o Massacre da Penha e criticou quando o judiciário solta pessoas presas. “Precisamos de uma legislação mais eficaz, que evite que marginais sejam presos hoje e soltos amanhã. Um Rio mais seguro não é palanque político, é o desejo de todas as famílias de bem do nosso Estado”. Agora, veremos se Bacellar defende para si o mesmo que defendeu para as pessoas vítimas do Massacre da Penha.
Desde que foi eleito, o presidente da ALERJ foi aliado ou atuou de acordo com os interesses dos grupos que mandam hoje no governo do Rio, chefiado por Cláudio Castro (PL). Junto com famílias de empresários que mandam nas prefeituras cidades do interior e da Região Metropolitana, o deputado tem buscado ampliar sua influência política no estado.
Durante sua gestão na ALERJ, os servidores sofreram vários ataques aos seus direitos e o processo de privatização da produção de água pela CEDAE avançou. Não satisfeito, o presidente da ALERJ apoiou o movimento para aprovar a chamada “Gratificação Faroeste”, a remuneração que o estado do Rio quer pagar para policiais que matem mais pessoas.
Mais uma vez, sem dar um tiro e criar o caos na cidade do Rio, como as polícias estaduais fizeram no Massacre da Penha, em 28 de outubro, foi possível desarticular ou ao menos prejudicar uma rede de influência de uma das maiores facções criminosas dentro do governo do Rio.