A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte foi novamente alvo de uma série de protestos dos trabalhadores no mês de novembro.
A obra é objeto de polêmica desde o seu início, em fevereiro de 2011, e já foi palco de manifestações de ambientalistas, movimentos sociais, indígenas e comunidades afetadas pela construção da usina e pelos próprios trabalhadores que se encontram em péssimas condições de trabalho.
Estima-se que, até o fim da obra, sejam utilizados R$ 30 bilhões financiados pelo BNDES sob a responsabilidade do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), formado por grandes empresas como a Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Vale, OAS, Light e Cemig, entre outras.
A recente onda de protestos teve início na noite do dia 9 de novembro e se estendeu até a noite do dia 12, obrigando o CCBM a suspender os trabalhos. Os protestos são uma resposta ao acordo proposto pelo consórcio.
Os trabalhadores reclamam que não há avanço na negociação das reivindicações trabalhistas, como aumento salarial acima dos 11% oferecidos, equiparação salarial entre os canteiros de obras e mudança de regras da baixada (folga para visitar as famílias). Desde o mês de abril os trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho.
A primeira ação agora em novembro ocorreu na noite do dia 9 de novembro, quando foram incendiados quatro galpões do almoxarifado, depois da informação de que o aumento proposto pela empresa seria de apenas 7%.
Já no sábado, os protestos tomaram conta do canteiro de Pimental, que, de acordo com uma liderança dos trabalhadores, teve instalações e alojamentos destruídos. “Por volta das 16h, o Sindicato da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) foi ao Pimental e anunciou que havia fechado um acordo com o CCBM de aumento de 11%. Em nenhum momento, esta proposta foi discutida com as bases, foi um acordo a portas fechadas entre sindicato e empresa, e os operários se revoltaram. Aí houve um quebra geral”, explicou o trabalhador Emiliano de Oliveira ao movimento Xingu Vivo para Sempre.
Cinco operários foram presos no decorrer dos protestos, e as obras só tiveram reinício na quarta-feira seguinte, dia 14, após a reparação dos danos às instalações da empresa e com a presença da Força Nacional de Segurança para intimidar os trabalhadores.
A obra continua e, junto com ela, a luta dos trabalhadores que, apesar da repressão, continuam mobilizados e dispostos a conquistar melhores salários e condições dignas de trabalho enfrentando a ganância e a sede de lucros das grandes empresas que formam o CCBM.
Emerson Lira, Belém