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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Servidores de Santo André e Diadema lutam por aumento real

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A região do ABC Paulista carrega um histórico de lutas da classe operária brasileira. Todos se lembram das grandes greves ocorridas na região que contribuíram para derrubada da odiosa ditadura militar.

Contudo, a combatividade dos trabalhadores dessa região não são apenas lembranças de um passado valoroso, mas a certeza de um futuro promissor para a luta de nossa classe. Demonstração disso foram as mobilizações dos servidores públicos municipais de Diadema e Santo André, que se colocaram em luta, no mês de maio, por salário digno e melhores condições de trabalho.

As enormes perdas salariais dos funcionários públicos são consequência direta das políticas neoliberais adotadas nas últimas décadas no Brasil, e, em particular, da terceirização, com importantes serviços entregues a “ONGs” que não passam de uma forma camuflada de parasitar a máquina estatal e distribuir cargos a apadrinhados políticos descompromissados com o povo.

Em Santo André os trabalhadores estavam dispostos a arrancar da administração um dissídio coletivo que fosse capaz de atenuar a gigantesca defasagem de quase 63% em seus ordenados. Para tanto refutaram de maneira unânime um desrespeitoso plano de cargos, que objetivava abocanhar diretos adquiridos, e chegaram a ocupar a Câmara Municipal.

Como esperado, as primeiras propostas por parte do prefeito e sua equipe foram extremamente baixas e não promoviam nenhum beneficio adicional, o que despertou grande indignação nos servidores. As mobilizações em cada setor cresceram e as presenças nas assembleias da categoria se tornaram maiores. Temerosa de medidas mais contundentes por parte dos trabalhadores, a classe patronal colocou-se em descompasso e, a todo instante, secretários de pastas distintas se contradiziam.

Durante uma expressiva assembleia da categoria durante a qual a paciência dos trabalhadores estava no limite, o governo se viu encurralado e, de maneira desesperada, telefonou para a direção do sindicato concordando em conceder aumento real para grande parcela do funcionalismo.

Na cidade de Diadema, após diversas mesas de negociação, o governo, que se diz partidário dos trabalhadores, se negou a conceder qualquer reajuste de salário. Diante desta, situação a força latente da classe trabalhadora transformou-se em ações e, durante as sessões ordinárias da Câmara, os protestos foram constantes. Ainda assim a intransigência patronal permanecia, fazendo com que a greve fosse a única alternativa.

Deflagrada a greve, o governo ameaçou os trabalhadores com cortes e punições, mas os servidores não recuaram um só passo. Ao contrário, foram às ruas e fizeram piquetes, arregimentando para a luta aqueles trabalhadores que estiveram inicialmente reticentes. O movimento cresceu, e não somente junto à categoria, mas também à população.  Diante da derrota iminente, o governou recuou, concedendo reajustes parcelados, que foram prontamente rejeitados, pois significavam arrocho salarial se comparados com a inflação do período. Fazia-se necessário uma correção imediata e de uma só vez nos ordenados.

De maneira covarde, o governo entrou com ação no Tribunal Regional do Trabalho solicitando o fim da greve e, como de costume, o judiciário burguês se colocou contra os trabalhadores e acatou o pedido da administração, declarando abusiva a luta dos servidores e obrigando-os a voltar aos postos de trabalho, sob pena de multa diária em caso de descumprimento. Sem caracterizar a greve como ilegal, o TRT obrigou a prefeitura a pagar os dias parados e tornou obrigatória a retomada das negociações. Diante disto, o clima de mobilização não cessou. E os trabalhadores se organizam e promovem outras formas de luta, como  paralisações pontuais.

Como não podia ser diferente, o Movimento Luta de Classes organizou panfletagens nas portas dos prédios e esteve presente às reuniões sindicais e a todas as assembleias, realizando intervenções e conclamando os trabalhadores ao único caminho que se traduz em vitória: o da unidade e da luta.

Danilo Lins, servidor de Santo André e militante do MLC.

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