Durante a manifestação em Fortaleza, Capital do Ceará, no último dia 27 de junho, uma cena chamou a atenção de todos os presentes, ganhou destaque na imprensa nacional e foi parar na capa do jornal norte-americano The New York Times.
O ex-militante da ALN Sílvio Mota, 68 anos, foi tirar satisfações cara a cara com o Batalhão de Choque porque, minutos antes, encontrava-se sentado na calçada com sua esposa, em meio a mais um protesto próximo à Arena Castelão, quando os dois foram atingidos por gás lacrimogêneo. Sílvio é juiz do trabalho aposentado e coordenador do Comitê pela Memória, Verdade e Justiça do Ceará. A ALN é a Ação Libertadora Nacional, organização revolucionária dirigida por Carlos Marighella no combate à Ditadura Militar no Brasil.
“Eu fui protestar. Eles me agrediram. Me levantei e fui tomar satisfações. Aquilo foi uma violação de tudo! Primeiro, eles tentaram dizer que eu não tinha direito de ir até eles. Depois tentaram me prender. Precisei mostrar minha identidade profissional, aí eles recuaram”, afirma. Ainda de acordo com Sílvio, após a queixa contra os policiais, ele se afastou para voltar à manifestação e, neste momento, mais projéteis de gás lacrimogêneo foram lançados, um deles atingindo suas minhas costas. “O Batalhão de Choque e a Polícia Militar em geral não reagiram a provocações. Eles chegaram para acabar com a manifestação”, completa.
Milhares de manifestantes caminhavam pela Avenida Dedé Brasil, em direção à Arena Castelão, durante a realização do jogo Espanha e Itália, pela Copa das Confederações. Eles pediam mais investimentos em educação e saúde, redução do valor da tarifa de ônibus e o fim dos gastos excessivos com a Copa. No total, 92 pessoas foram detidas pela Polícia.
Da Redação