Os primeiros cem dias nos mostraram como será a presidência de Biden: promessas abandonadas e a separação contínua da vida política americana dos desejos dos trabalhadores.
Após vários dias de apuração, Donald Trump, atual presidente dos EUA, foi derrotado pelo candidato do partido democrata, Joe Biden, que até o fechamento desta matéria contabilizava 290 delegados no Colégio Eleitoral. Com quase quatro anos de um governo autoritário, com políticas racistas e antipopulares, Trump foi derrotado nas urnas pela mobilização do povo estadunidense contra o fascismo e o racismo.
“No fim do dia, o eleitor norte-americano escolhe entre dois lados da mesma moeda, visto que as eleições não apresentam propostas concretas de mudança na sociedade, mas são, em sua maioria, de revisão de reformas já aprovadas e de emendas à constituição.”
A violência policial contra os pobres nos EUA (assim como no Brasil e outros países), atingindo principalmente os negros, não é novidade. Ocorre diariamente. São centenas, milhares de casos todos os anos. A causa, dizem todos, é um racismo estrutural que permanece apesar dos avanços na legislação e em políticas públicas compensatórias.
Durante a pandemia da Covid-19, os Estados Unidos, centro do capitalismo e da pandemia no mundo, dão mais uma prova de que este sistema está ultrapassado. O país tem uma população de 328,2 milhões de pessoas, representando cerca de 4% da população mundial, no entanto, o número de óbitos durante a pandemia é assustador. Segundo relatório da OMS, 28% de todas as mortes e casos no mundo estão nos EUA. Se compararmos os dados da pandemia nos EUA, China e Índia (países mais populosos no mundo) com os de Cuba, por exemplo, observa-se que o caminho é o socialismo.
Liberdade e trabalho continuam na agenda dos norte-americanos, especialmente os negros. Liberdade para respirar sem medo. Foi a morte de George Floyd, em Minneapolis, asfixiado por um policial que pressionou o pescoço dele, com o joelho, até a morte, que detonou a onda de protestos no país. Mas a movimentação, que, à primeira vista, pareceu brotar do nada, tem história. Vem se adensando com as violências repetidas, gravadas, expostas ao mundo pelos aparelhos de telefone celular. E o que está em jogo agora não é apenas a exigência de mudança nas práticas policiais. Isso é o que alguns meios de comunicação estabelecidos e os políticos desgastados e desconectados da realidade querem fazer parecer. A pauta vai mais fundo na briga contra o racismo estrutural, contra quatro séculos de abusos.