Começou na sexta-feira (31 de Julho) a Semana Mundial do Aleitamento Materno, momento importante para refletirmos sobre esta questão. O leite materno possui uma importância fundamental na imunidade dos bebês, apesar disso, são muitos os questionamentos sobre a amamentação e os mitos que cercam esta questão, além de diversos interesses envolvidos que vão para além da saúde das crianças.
O leite materno contém células de defesa e fatores anti-infecciosos capazes de proteger o organismo do recém-nascido. É considerado o alimento mais completo para o bebê.
O leite da mãe contém ainda substâncias como anticorpos e glóbulos brancos, essenciais para proteger o bebê contra doenças. Segundo dados do Ministério da Saúde, o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. O Ministério da Saúde recomenda que até os seis meses de vida o bebê seja alimentado exclusivamente com ele para ter um desenvolvimento saudável. O leite materno também tem outra vantagem: não precisa ser comprado.
Contudo, é preciso combater mitos que são divulgados sobre o aleitamento. Um desses mios afirma que o leite da mãe é fraco e não contem a substancia necessária para o fortalecimento do bebe. Isso não é verdade, pois no leite da mãe estão contidas todas as proteínas, vitaminas, gorduras e inclusive a água, necessárias para o completo desenvolvimento do bebê. Certamente, a pressão quando o bebê ou a mãe estão se adaptando à pegada certa da mamada pode causar impactos emocionais que prejudicam tanto a alimentação quanto a entrega e aprendizagem da mãe com este processo natural.
Outro mito é sobre a criança fazer o peito de chupeta e que isso prejudica a mãe. O peito surge antes da chupeta, então a criança faz a chupeta de peito e não o contrário. E a sucção sem o propósito de alimentar-se também tem objetivo para o desenvolvimento do bebê. O ato de sucção, por si só, acalma o bebê e isso inclui também um melhor desenvolvimento oral e facial da criança.
Atualmente, muitas mulheres saem da maternidade com prescrição de leites de fórmula e antes do primeiro mês do bebê, até da primeira semana, já introduzem o leite artificial o que, segundo especialistas, é um erro. O ato de amamentar requer muita aprendizagem e o próprio leite aumenta no processo de sucção. A insistência, o apoio de profissionais bem formados, da família, a orientação correta é parte importante do processo.
Mas como a mulher vai insistir na amamentação quando o próprio pediatra recomenda o leite de fórmula dizendo ser melhor para o bebê?
Empresas como a Nestlé oferecem cursos de treinamento que formam milhares de pediatras no Brasil. A relação entre a indústria farmacêutica e médicos é problemática também em outras áreas como a de próteses e psiquiátrica. A necessidade de colocar o lucro antes da saúde é fato que move o Capital. A influência da Nestlé (e outras empresas) sobre a pediatria do Brasil é tão grande que na primeira página da Associação Brasileira de Pediatria, você logo se depara com o logo da Nestlé.
E isso não é novo. Desde as décadas de 30 e 40, a Nestlé já colocava vendedoras vestidas de enfermeiras dentro dos hospitais para estimular o consumo do leite artificial como o substituto adequado ao leite materno.
É preciso defender a importância da amamentação, acolhendo também as mães que, por diversos motivos, não puderem amamentar, mas para que também todas as mulheres possam se sentir empoderadas diante de tantas informações desencontradas e que não tenham dúvidas dos interesses da lucrativa indústria dos leites e fórmulas artificiais.
Carolina Mendonça, São Paulo