Enquanto atualmente no mundo inteiro apenas 40% das mulheres estão no mercado de trabalho, ganhando até 28% a menos que os homens (no caso do Brasil) para as mesmas funções e sendo responsáveis por apenas 10% da renda mundial, numa sociedade socialista sua situação é bem outra.
Reproduzimos abaixo trechos do livro Berlim: muro da vergonha ou muro da paz?, de Antônio Pinheiro Machado Netto, que viajou à RDA – República Democrática Alemã, ou Alemanha Socialista, na década de 1980, e registrou em forma de livro seu depoimento de tudo que foi possível observar naquele país. Fizemos um recorte dos trechos que dizem respeito especificamente à situação da mulher trabalhadora, mãe e estudante na Alemanha Oriental.
A mulher na RDA na década de 1980
“… 90% de todas as mulheres entre 15 e 60 anos de idade trabalham ou estão a qualificar-se profissionalmente.
“Aliás, as mulheres – porque discriminadas no regime capitalista – merecem uma referência especial neste depoimento.
“Registra-se que – nos serviços de saúde e assistência social – 80% dos empregados são mulheres. Em cada duas mulheres, uma é médica, dentista ou farmacêutica. Na economia, uma em cada quatro mulheres exerce função destacada. Também nas cooperativas de produção agrícola é expressiva a participação feminina: em cada três presidentes, um é mulher, o mesmo ocorrendo entre juízes – em três, um é mulher.
“As mães de dois filhos tem jornada de trabalho reduzida, até que os filhos completem 16 anos, lembrando-se, ainda, que a mulher tem participação especial em alguns tipos de trabalho, em razão de sua natureza física.
“A licença de gravidez é de 6 semanas antes e 20 semanas depois do parto.
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“Na RDA, hoje, se as mães desejarem, 657 crianças, em 1.000, de zero a um ano, podem frequentar creches, onde recebem toda a assistência material, social e médica de pessoal especializado, gratuitamente. Todas as crianças de um a quatro anos – se os pais quiserem – frequentarão creches especiais, o mesmo em relação às crianças (todas) de três anos de idade até o início da escolaridade, que tem acesso aos jardins de infância na RDA, tudo gratuitamente. Melhor dito. Nessas creches especiais e nos jardins de infância não há restrições quanto a vagas. As crianças da RDA, hoje, tem assegurada essa possibilidade. Tem vaga para todas.”
[…]
“Cerca de 13% das estudantes são mães, número com tendência a crescer. Elas, assim como os casais de estudantes com filhos, são especialmente assistidas pelas universidades, escolas superiores e pelo Estado. Vivem sobretudo nos internatos e recebem preferencialmente lugares nas creches e jardins de infância (a assistência às crianças é gratuita na RDA, os pais participam apenas com 85 ou 55 pfennigs por dia nas despesas para comida e leite). Para cada filho é pago, além da bolsa mensal de estudo básica, um subsídio de 50 marcos.
“As estudantes se beneficiam com todas as outras regalias sociais proporcionadas pelo Estado, como licença paga de gravidez e maternidade de 26 semanas, o subsídio estatal mensal de 20 marcos para o primeiro e o segundo filhos, e de 1.000 marcos a partir do terceiro.
“Para o equipamento de casa, jovens casais podem recorrer a um crédito estatal, sem juros, de 5.000 marcos cujo prazo de reembolso é de oito anos. Se nesse período nascem filhos, o reembolso é diminuído de 1.000 marcos em caso do primeiro, 1.500 em caso do segundo e quitados os restantes 2.500 marcos na eventualidade de um terceiro filho.
“A fim de ajudar as estudantes grávidas e estudantes-mães a concluírem seus estudos, as faculdades oferecem alternativas especiais com vistas à recuperação das ausências a aulas e exames, o que se processa através de atendimento individual, planificando cada caso, sem qualquer prejuízo.
“A pedido da estudante, pode até ser cumprido um plano especial de estudo que resulte em acrescentar mais um ou dois anos ao período normal do curso.
“Mas a bolsa de estudo continua a ser paga plenamente. Assim, nesses casos as universidades e escolas superiores são obrigadas a garantir a continuação do estudo depois da licença.
“Os regulamentos são válidos independentemente de a jovem mulher ser casada ou não, referindo-se também a pais que estão sozinhos com a criança, o que também acontece.”
Como podemos ver, apesar do revisionismo, que aos poucos levou à restauração do capitalismo em vários países do leste europeu, as conquistas dessas experiências – que se mostraram superiores ao capitalismo – devem ser relembradas, pois mostram que o caminho da libertação da mulher e do fim da exploração do homem pelo homem passam, necessariamente, pelo socialismo.
Glauber Ataide
Infelizmente, após aqueda do muro de Berlim, tudo ficou ocidental, imperial, bem capital e eu mesma conversei com uma jovem alemã oriental , nascida nos anos 70/80 cujos pais sofreram as piores represálias quando a alemanha se unificou, ambos perderam os empregos inclusive, o pai dela teve problemas de saude seríssimos, devido a depressão que o atingiu. E a familia ficou sendo alvo incosuive de discriminação. A jovem, eu conheci aqui na minha terra, por força de um desses programas de intercâmbio de pós graduação, ela é graduada em Geologia e estava fazendo o Mestrado aqui. Isso em 2005.A conheci através de um relacionamento que ela teve com meu filho, na época, estudante de Engehharia de Telecomunicação. Então, com a queda do muro de Berlim, houve um retrocesso feroz, o mundo perdeu, todos perdemos.!
Apenas uma observação pertinente: a RDA não se rendeu ao revisionismo.