Na última quarta-feira (08) as comunidades Eliana Silva, Camilo Torres e Irmã Dorothy, localizadas na região do Barreiro, em Belo Horizonte, foram surpreendidas por um trator que, com o apoio do Batalhão de Choque, chegou de surpresa com o objetivo de realizar o seu despejo. A polícia militar alegou que foi realizar a derrubada (ilegal e sem mandato judicial) de apenas alguns barracos que estavam em construção.
Independentemente dos motivos alegados pela PM, sua imensa truculência gerou indignação nas mais de 700 famílias que vivem nas três comunidades debaixo de tensão diária de sofrer um despejo a qualquer momento. Elas responderam aos ataques policiais com intensa mobilização. Barricadas foram formadas em frente às comunidades pelos moradores e outras 14 viaturas policiais foram acionadas. Um enorme clima de medo e terror foi gerado. Junto ao aparato militar estavam 4 carros e um caminhão da Copasa.
Os policiais durante todo o tempo agrediram verbalmente os moradores com xingamentos, provocações e ameaças. Fortemente armados, exibiam suas metralhadoras, revólveres, sprays de pimenta e cassetetes, apontando-os para crianças, mulheres e idosos. Saíram correndo como “ratos” quando souberam da chegada de representantes da defensoria pública e de entidades do movimento sindical e de direitos humanos.
O que pudemos ver com essas ações é que a PM e a Prefeitura de Belo Horizonte estão tentando criar um clima de terror nas famílias. Sem exagero, estamos diante de uma verdadeira guerra contra os pobres. Há alguns meses diversas incursões da PM e da Prefeitura vem sendo realizadas na região. Barracos de alvenaria foram derrubados, famílias tiveram cortados água e luz e ocorreram sobrevoos de helicópteros gerando muita desinformação.
Com ações cada dia mais agressivas, a PM e a PBH podem estar prestes a promover uma verdadeira tragédia na região.
Informamos a todos que as famílias das três comunidades demonstraram, por mais uma vez, sua enorme disposição para luta e resistência. Nesse contexto, um processo de despejo das famílias acarretará um verdadeiro banho de sangue na região.
Estamos mobilizados e vamos defender o direito humano de morar dignamente de todas as famílias dessas ocupações. Convocamos todas as pessoas de bem, defensoras da democracia e dos direitos humanos a se juntar ainda mais à nossa luta.
No sábado à noite haverá um jantar em homenagem às mães da comunidade Eliana Silva que, no mesmo dia, no ano passado, receberam de presente da Prefeitura de Belo Horizonte o despejo da primeira ocupação.
Seguimos na luta pela moradia digna, pela reforma urbana e uma pátria livre e soberana!
MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MG