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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Sindjor-PB instala Comissão da Verdade

comissão verdade jornalistasO Sindicato dos Jornalistas da Paraíba (Sindjor-PB) instalou, no último dia 3 de maio, em João Pessoa, sua Comissão da Verdade, a fim de investigar crimes cometidos pela Ditadura Militar contra jornalistas e veículos de imprensa paraibanos. Em dezembro do ano passado, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criou sua comissão e orientou todos os sindicatos filiados a fazer o mesmo. Compõem a comissão os jornalistas João Manoel de Carvalho (ex-presidente do Sindjor-PB e hoje diretor do jornal Contraponto), Annelsina Trigueiro (professora de Comunicação Social da UFPB), Thamara Duarte (assessora de imprensa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) e Rafael Freire (presidente do Sindjor-PB), além do advogado e professor de Direito da UFPB Eduardo Fernandes.

A comissão foi criada num importante ato político, que mobilizou quase 100 pessoas para o auditório do Sindicato dos Telefônicos. Entre os presentes, muitos jornalistas e estudantes de Jornalismo, ex-presos políticos, parlamentares cassados pelo golpe de 1964 (os ex-deputados Assis Lemos e Agassiz Almeida, que atuavam junto às Ligas Camponesas), representantes de entidades sindicais e estudantis, das Associações Campinense e Paraibana de Imprensa, da OAB, da Prefeitura Municipal de João Pessoa, dirigentes do PCR, da UJR, do PCdoB, da Consulta Popular e do PT, incluindo o vereador pessoense Fuba e o deputado estadual Anísio Maia. Também estavam presentes a Comissão da Verdade e Preservação da Memória do Estado da Paraíba e o Comitê Verdade, Memória e Justiça de Pernambuco.

Representando o comitê pernambucano, Edival Nunes Cajá, que é presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, denunciou com veemência os crimes cometidos pelo regime ditatorial contra os militantes revolucionários de então, e afirmou que, além das vidas ceifadas e das sequelas deixadas para aqueles que sobreviveram, “a Ditadura Militar fascista atrasou, do ponto de vista histórico e econômico, o Brasil em mais de 50 anos. Estávamos num momento em que nosso país buscava um caminho de independência, de soberania, e tudo isso fui sepultado pela força da violência e da repressão”.

As duas guerras de Vlado Herzog

Para abrilhantar a noite, o convidado especial foi o companheiro Audálio Dantas, de 80 anos, presidente da Comissão Nacional da Verdade dos Jornalistas, ex-presidente da Fenaj e deputado federal constituinte. Audálio veio à Paraíba também para lançar seu mais recente livro, As duas guerras de Vlado Herzog, que retrata a biografia do jornalista iugoslavo, naturalizado brasileiro, Vladimir Herzog, assassinado sob tortura por agentes da Ditadura Militar, em 1975. A obra ressalta ainda o papel desempenhado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (cujo presidente, à época, era o próprio Audálio) para desmascarar a falsa versão de suicídio apresentada pelos militares sobre o caso.

“Quando me perguntam quais são as duas guerras de Vlado, eu respondo: a primeira foi a guerra contra os nazistas alemães, com a fuga de sua família judia, desde a Iugoslávia, passando pela Itália, até chegar ao Brasil. E esta luta ele venceu. Mas não sabiam eles que, chegando ao nosso país, onde esperavam encontrar a paz, Vlado seria vencido pelos nazistas brasileiros, os golpistas e torturadores que comandaram a Ditadura Militar brasileira”, relatou Audálio.
Audálio deixou ainda uma lição em sua fala para o movimento sindical, ao afirmar que “é preciso sempre ter em vista qual a principal luta política a ser travada num determinado momento. Quando fizemos a denúncia sobre a morte de Vlado, estávamos levantando a bandeira do fim das torturas. Quando organizamos a primeira eleição direta para a diretoria da Fenaj, na qual fui eleito presidente, estávamos dizendo que o povo brasileiro precisava se levantar pela fim da Ditadura, pela democracia, e defender as “Eleições Diretas Já!” para todos os cargos públicos do País”.

Comissão inicia seus trabalhos

A comissão instalada já iniciou seus trabalhos, realizando reuniões de planejamento e divulgando sua criação nos cursos de Jornalismo existentes na Paraíba. Também tem dialogado com a Comissão da Verdade criada pelo governo estadual, a fim de estabelecer parcerias.
“Os primeiros passos dados foram no sentido de levantar nomes e fatos junto a jornalistas que viveram aquele período, como o sócio número um do Sindicato dos Jornalistas, o cronista Gonzaga Rodrigues (até hoje em atividade) e o militante e jornalista Hélio Zenaide. Num segundo momento, vamos viabilizar o acesso a documentos oficiais e jornais da época, bem como iniciar as entrevistas com todos aqueles que queiram dar seu depoimento sobre os casos de censura e perseguição a jornalistas e veículos de comunicação de que têm conhecimento”, afirmou Rafael Freire, presidente do Sindjor-PB.
Redação PB

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