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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Sem-teto ocupam em Maceió

MSVTCansados de sofrer com as péssimas condições de moradia e com o preço dos aluguéis, cerca de 30 famílias organizadas pelo Movimento Social Via do Trabalho (MSVT) ocuparam, no dia 27 de maio, um terreno de 50 hectares no bairro da Santa Lúcia, região do Tabuleiro, parte alta da cidade de Maceió, capital alagoana.

Rapidamente a notícia se espalhou pelos bairros vizinhos e, ainda na primeira manhã da ocupação, mais de 500 famílias já se apresentavam para integrar a ocupação e lutar por moradia. Segundo Maria Ivone, uma das coordenadoras do MSVT, na primeira semana a ocupação tinha recebido mais mil famílias.

O terreno ocupado é de propriedade da Construtora Lima Araújo, estava abandonado há mais de 30 anos e servia como local de desmanche de veículos e cemitério clandestino. Mas o juiz Ivan Vasconcelos Brito Júnior, da 1ª Vara Cível da Capital, decidiu atender os interesses da construtora e emitiu uma ordem de reintegração de posse. No dia 18 de julho, a Polícia Militar mobilizou um efetivo de 500 soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para acabar com a ocupação e cumprir o mandado de reintegração. Foram lançadas balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas de helicópteros contra o povo pobre que organizou a resistência dentro dos barracos onde moravam.

Cerca de 30 pessoas ficaram feridas. A Polícia efetivamente não respeitou ninguém: idosos, crianças e doentes sofreram com a brutal repressão policial. O jovem Yago da Silva Santos, que tem déficit intelectual, foi espancado enquanto chorava e gritava. Também a dona de casa Maria Cícera nos relatou a agressão policial que sofreu: “Eu só pedi para retirar minhas coisas do barraco, quando recebi um tiro de bala de borracha no rosto e desmaiei”.

Entretanto, nem a decisão da Justiça nem a repressão policial conseguiram acabar com a luta das famílias. Logo após a desocupação, as famílias decidiram ocupar o prédio da Eletrobrás para exigir uma resposta do Governo. Em seguida, cerca de 500 famílias ocuparam um novo terreno, entre os bairros de Bebedouro e Fernão Velho, e outras 500 ocuparam dois prédios abandonados do INSS e realizaram uma grande ação de limpeza dos prédios e improvisaram uma cozinha coletiva, onde as refeições são servidas.

Nas visitas que realizamos à ocupação, diversas pessoas nos falaram sobre a realidade social que vivem. Rosicleide Silva, mãe de três filhos, entre eles uma criança de três meses, nos relatou que trabalha como faxineira e seu esposo é auxiliar de pedreiro. Disse que morava de favor na casa da sogra porque não tinha dinheiro para pagar aluguel. “Estou aqui para o que der e vier. Não vou desistir enquanto não conquistar minha casa. Não tenho medo de Polícia, pois não sou criminosa, sou trabalhadora”.

 Magno Francisco, Alagoas

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