Em marcha desde a manhã da última segunda-feira (04), cerca de dois mil trabalhadores rurais organizados na CPT, MLST, MST e MTL de todo o estado de Alagoas, chegam à capital onde reafirmam a importância da democratização da terra para quem vive na cidade.
Depois de 60 km percorridos, enfrentando sol e chuva, os Sem Terras seguem pelas avenidas de Maceió denunciando a paralisia da Reforma Agrária no país e exigindo imediata desapropriação das áreas das fazendas São Sebastião (Atalaia), Cavaleiro, São Simeão e Bota Velha (Murici), onde 400 famílias acampadas vivem ameaças de despejo.
Para José Roberto, do MST, a divisão das terras cumpre papel importante para o homem e a mulher no campo e na cidade. “A Reforma Agrária é um caminho para acabar com o desemprego e garantir que os camponeses vivam no campo. Além de levar alimentos saudáveis para quem vive nos centros urbanos”, afirmou.
Nas BRs cercadas pelo monocultivo da cana de açúcar no estado, os agricultores preencheram as vias com suas bandeiras, faixas e palavras de ordem em protesto ao descaso dos governos federal e estadual com os trabalhadores rurais. “Estamos em Marcha na disputa de um novo modelo de sociedade, onde todos e todas tenham seus direitos básicos garantidos e que possam viver com dignidade. E se hoje dois mil estão nas ruas é para mostrar que não estamos conformados com a sociedade que vivemos”, disse Josival Oliveira, do MLST.
Mobilizações
Logo na manhã da terça-feira (05/11), os camponeses ocuparam o prédio da prefeitura do município de Messias, onde, em audiência com o prefeito Jarbas Filho (PSDB), pautaram as demandas de infra-estrutura e lazer nos assentamentos e acampamentos da região.
Ainda na manhã de terça, a Marcha seguiu para o Centro de Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas, no município de Rio Largo. No local os trabalhadores denunciaram o descompromisso da Universidade com o povo, servindo aos interesses das elites do estado nas pesquisas voltadas para melhoramento genético da cana de açúcar.
“Entendemos que o papel da universidade não é usar recursos públicos para pesquisas que beneficiam usineiros, mas, sim, para pesquisas que construam uma alternativa de desenvolvimento para região e que possam servir à grande maioria do povo brasileiro”, afirma a nota divulgada pelos movimentos sociais que constroem a Marcha.
Já na quarta-feira (06/11) a Marcha seguiu para a principal avenida de Maceió onde os movimentos ocuparam o prédio da Eletrobrás, exigindo resolução imediata dos problemas das áreas que ainda sofrem com a falta de energia elétrica.
Na quinta (07), a Marcha por Terra e Justiça segue para o centro da cidade de Maceió, onde já está agendada uma reunião com o governador do estado, Teotônio Vilela Filho (PSDB), às 15h.