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terça-feira, 5 de novembro de 2024

A rebelião das tapuias

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rebeliao das tapuais“A primeira luta do povo brasileiro foi a do índio contra o invasor europeu. A visão tradicionalista passa a conhecer o Brasil a partir da chegada do colonizador. É com os olhos do que chega para saquear e escravizar um povo livre, portanto, que a História oficial começa a explicar o Brasil.” (Berta Ribeiro, em O índio e a História do Brasil.)

A rebelião teve início em 1687 na então capitania do Rio Grande do Norte. Mas a sua proporção foi imensa e se espalhou por quase toda a região Nordeste. Sem dúvida, um dos maiores levantes indígenas do País foi o dos tapuias. Mais conhecida como “a guerra dos bárbaros”, a resistência aos invasores por mais de 20 anos atingiu as áreas das capitanias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

O levante alcançou uma envergadura imensa e reuniu as tribos Aucurus, Paiacus, Icós, Icopinhos, Bulbis, Arius, Pegas, Caracás, Canindés, Coremas, Caracarás e Bruxarás.

Foram quase 30 anos de reforços vindos do Ceará e da Paraíba e que de nada adiantaram diante da rebelião indígena. Só com a chegada dos assassinos, conhecidos na História como bandeirantes, os tapuias foram derrotados.

A proibição, em lei, da escravização do índio – a não ser em “guerra justa” – não passava de uma regulamentação da própria escravidão. Com o objetivo de obter escravos, o colonizador incitava a guerra contra uma determinada tribo. Assim, a morte e a escravização estavam legalizadas.

Com a expansão da criação de gado para o interior, o invasor expulsava os índios, roubando-lhes suas terras e escravizando os que resistiam. Esse processo se deu com muita violência e crueldade, e não tardou a eclodir a rebelião.

A violência com que os invasores tratavam os índios é testemunhada em uma carta do padre Antônio Vieira ao rei de Portugal, em que afirma:

“As causas de até agora se ter feito tão pouco fruto com estas gentes são principalmente as tiranias que com eles temos usado, havendo capitão que obrigou a atar dez morrões [pavios] acesos nos dez dedos das mãos de um principal [chefe indígena] de uma aldeia para que lhe desse escravos, dizendo que o havia de deixar arder, enquanto não lhes desse, e assim fez.”

A rebelião tapuia teve como estopim a morte de um líder da tribo da região de Açu. Como resposta, os índios tomaram armas e gado e derrotaram os opressores.

Quase em sua totalidade os tapuias se uniram e, em pouco tempo, dominaram as ribeiras do Açu e Apodi, chegando a cinco léguas de Natal. O capitão-mor Pascoal Gonçalves pede socorro a Pernambuco, Bahia e Paraíba. Pernambuco enviou cinco companhias, chefiadas pelo mestre de campo Jorge Luís Soares, com reforços da Paraíba.

Entretanto, a rebelião era intensa e muitos começavam a fugir de Natal mesmo com a ameaça de cadeia o e confisco dos bens de quem fugisse. Por essa altura, foi nomeado novo capitão-mor Agostinho César de Andrade. Este concede perdão aos criminosos que aceitassem combater os índios. Consegue uma vitória na Serra de Acauã, mas a rebelião prossegue.

Com o passar do tempo, mesmo com um poder formidável quando unidas as tribos, a superioridade bélica dos invasores se impôs. Algumas tribos foram praticamente dizimadas, e os que restavam eram “aldeados” sob o comando das missões jesuítas.

Os oficiais da Câmara de Natal enviaram uma carta ao rei relatando a guerra dos tapuias e a paz iniciada pelo capitão-mor Agostinho César e continuada pelo capitão-mor Bernardo Vieira.

Fica evidente que a História da colonização do Brasil pelo invasor português não é de heroísmo da parte deste nem muito menos de bondade da Igreja, haja vista o pedido do bispo de Pernambuco. A ação de assassinos como Domingos Jorge Velho, que veio a entrar para a História como o que derrotou o Quilombo dos Palmares, patenteia a prática genocida no roubar das riquezas, das terras e da escravização de seres humanos.

Se há algo a se reverenciar é a heroica resistência dos povos que habitavam este País muito antes de o europeu chegar. Ainda hoje estes povos padecem da perseguição e do extermínio de grandes latifundiários, que mantêm a prática, de séculos atrás, de roubar o que restou das terras indígenas.

Alex Feitosa

Fontes: Luiz Eduardo Brandão Suassuna, Marlene da Silva Mariz. História do Rio Grande do Norte, 2005, Júlio José Chiavenato. As lutas do povo brasileiro. Do “descobrimento” a Canudos, 1996.

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1 COMENTÁRIO

  1. foi assim mesmo. A igreja dando uma de” bom moço”. A Coroa precisando de lucro para bancar a nobreza vadia, e os tarados assassinos se realizando em suas taras.

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