O Estado de São Paulo atravessa uma grave crise hídrica devido às más gestões e falta de investimento dos sucessivos governos do PSDB. Centenas de famílias, todos os dias, sofrem com o racionamento de água. Mas isto não é um problema para a PM de São Paulo, que investiu cerca de R$ 35,2 milhões em blindados com jatos d’água, gás e tinta.
Os veículos fabricados por duas empresas israelenses, a Plasan Security Solutions e a Hatehof Armored Vehicles, foram adquiridos através de uma licitação internacional e poderão chegar a março de 2015. Na verdade, estes blindados estavam previstos para salvaguardar a Copa da FIFA e coibir os protestos que tomaram as ruas do País contra os gastos e violações na realização do mega-evento. Para os policiais os carros blindados com jato d’água são “uma tentativa não-letal de manter a ordem e a segurança nos protestos”. A PM foi categórica e declarou que estes blindados agirão contra possíveis “distúrbios” em manifestações, ou seja, o mesmo falatório que acabou deixando centenas de pessoas feridas e muitos mortos durante os protestos.
O que justifica a agilidade da compra destes carros blindados é o crescimento das manifestações populares que eclodiram a partir de junho de 2013. O governo de Geraldo Alckmin e sua polícia reprimiram violentamente estas manifestações, com bombas de gás e efeito moral, balas de borracha, prisões arbitrárias e táticas como o “Caldeirão de Hamburgo” – isolamento de manifestantes por tempo indeterminado. Contudo, a repressão não está restrita nos protestos de junho ou nas manifestações contra a Copa da FIFA. A repressão sobrecaiu sobre os trabalhadores metroviários em greve e nas dezenas de ocupações urbanas que lutam pela moradia e a reforma urbana. Para garantir os lucros dos patrões, das empreiteiras e dos bancos, eles não poupam a vida.
É uma necessidade para o Estado burguês aumentar seu poderio militar neste período de lutas sociais. O sistema capitalista atravessa uma grave crise e para manter intacta a fortuna de poucas pessoas promove guerras de rapina e repressão aos povos. Não é coincidência que quem está vendendo os blindados é o Estado de Israel, um dos maiores exportadores de armas do Mundo. É um crime contra a humanidade aceitar e financiar Israel, pois para aonde vão os R$ 35,2 milhões investidos? Para fabricar mais armas de destruição e avançar no saque das terras e no genocídio do povo palestino.
Apesar de a Defensoria Pública criticar o uso da violência policial nas manifestações e ser contrária a compra dos veículos nada impede a PM atualizar seu arsenal. Inclusive a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou em novembro um projeto de lei que proíbe o uso de balas de borracha nas manifestações. O projeto seguiu para veto ou sanção do Governador Geraldo Alckmin.
Matheus Nunes, São Paulo