No dia 05 de dezembro de 2014, sindicalistas, militantes do movimento social, lideranças estudantis e militantes políticos se reuniram no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco (Sindsep) para celebrar os 15 anos de resistência e luta da imprensa popular e socialista do jornal A Verdade.
A cerimônia iniciou com uma exposição de edições de A Verdade que tiveram grande repercussão na sociedade pelos temas abordados e suas manchetes singulares. “Só o jornal A Verdade pôde publicar uma manchete que diz: Encontrados os restos mortais do revolucionário Manoel Lisboa”, declarou Luiz Falcão, seu diretor de Redação. A exposição acolheu os convidados ao som de canções revolucionárias interpretadas por vozes como a de Mercedes Sosa, Taiguara, Milton Nascimento, Alí Primera, Gonzaguinha, Carlos Puebla e do grupo MPB4.
O debate sobre a imprensa popular e a luta contra a Ditadura Militar contou com a presença do secretário de Imprensa do Estado de Pernambuco, o jornalista Ivan Maurício, do publicitário e ex-preso político José Nivaldo Júnior e de Luiz Falcão, diretor de A Verdade.
Abrindo o debate, Zé Nivaldo, autor do Livro “1964 – O Julgamento de Deus”, contou a sua história como correspondente do Diário de Pernambuco no interior pernambucano e de sua militância de esquerda na imprensa alternativa. Nivaldo escreveu no jornal Reflexo e relatou várias experiências de enfrentamento distribuindo jornais da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), panfletos clandestinos em portas de fábrica contra a Ditadura Militar e o jornal A Luta, órgão do PCR durante os anos de chumbo. “Na luta contra a Ditadura, distribuir um panfleto, um jornal era uma ação armada”, declarou.
Ivan Maurício destacou o papel militante da imprensa popular relatando suas experiências no Diário da Noite e no jornal Movimento. Segundo Ivan, “cada plataforma tem o seu papel: o jornal, o panfleto, o carro-de-som, a internet… e nenhuma delas se sobrepõe à outra”. Ivan defendeu que o papel do jornal popular é promover a reflexão, por isso, deve ter textos de análise que devem ser abordados em profundidade.
Luiz Falcão registrou que “as falas de Ivan Maurício e Zé Nivaldo nos fazem perceber que o nosso trabalho começou muito antes, com os jornais Opinião, Movimento, Reflexo (…) nos faz perceber o papel da imprensa popular na luta por transformações, como ocorreu na Revolução Pernambucana. Por isso, concluímos que é muito importante o que fizemos nesses 15 anos, mas, não podemos nos dar por satisfeitos, ainda há muito que fazer”.
Do plenário, entre outros, interviu o vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz, irmão do desaparecido político Fernando Santa Cruz, para parabenizar A Verdade pela passagem dos seus 15 anos e para registrar o papel desempenhado em exigir a punição dos criminosos da Ditadura Militar. Marcelo lembrou que A Verdade deverá abordar a temática do relatório da Comissão Nacional da Verdade para que os criminosos não fiquem impunes.
Foram lidas as saudações que chegaram por correspondência de Antônio Carlos Fon, ex-militante da Ação Libertadora Nacional, ex-preso político, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e integrante do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça; e do Padre Reginaldo Veloso, animador do Movimento de Trabalhadores Cristãos (MTC), ambos saudando a passagem dos 15 anos e desejando vida longa ao jornal. A celebração se encerrou com todos cantando parabéns em torno de um bolo de aniversário.
Thiago Santos