A Verdade entrevistou José Fabián Villavicencio Cañar, presidente da União Geral dos Trabalhadores do Equador (UGTE) desde de dezembro de 2013, quando a entidade realizou seu 10º congresso. A UGTE integra hoje a Frente Unitária de Trabalhadores (FUT), a Coordenação de Centrais Sindicais Andinas, assim como o Conselho Consultivo Laboral Andino da Organização Internacional do Trabalho. Villavicencio é trabalhador da Universidade Técnica de Cotopaxi e falou o 10º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas (Elacs), que ocorrerá pela primeira vez no Brasil entre os dias 30 de outubro e 01 de novembro, no Rio de Janeiro.
A Verdade – Como surgiu o Elacs?
José Villavicencio – O Elacs surgiu da necessidade de unificar posições frente à ofensiva comum do imperialismo nesta região e tem ajudado no intercâmbio de experiências, a estimular o impulso de organização dos sindicalistas classistas e revolucionários em diferentes instâncias, de acordo com a realidade de cada país. A UGTE participou de todos os encontros realizados com o compromisso de unificar as posições dos sindicalistas classistas e revolucionários da região, posições que nem sempre coincidem com as das grandes centrais sindicais internacionais.
Qual é sua expectativa para esta primeira edição no Brasil?
Pessoalmente participei do oitavo e do nono encontros e tenho uma grande expectativa frente a esta décima edição. Estes encontros internacionais nos permitem debater diferentes temas econômicos, políticos e sociais em nível internacional e conhecer a realidade de cada país presente. Espero ratificar uma política unitária, internacionalista, em defesa dos trabalhadores e dos povos para enfrentar as políticas antioperárias que estão sendo aplicadas, pelos distintos governos. No Equador diferentes organizações estão interessadas e discutindo sua participação no evento.
No Brasil vivemos um processo avançado de precarização das relações de trabalho. Isto também acontece no Equador?
No nosso país depois das diferentes lutas dos trabalhadores e da UGTE contra a terceirização e as políticas de precarização laboral por muitos anos, no 2008 logramos a aprovação de um Mandato Constituinte que estabeleceu: “se elimina e proíbe a terceirização e intermediação laboral e qualquer forma de precarização das relações de trabalho nas atividades as quais se dedique a empresa ou empregador. A relação laboral será direta e bilateral entre trabalhadores e empregador”. Entretanto, atualmente, as políticas do correísmo retomaram a terceirização e a precarização laboral, com a externalização laboral, em que o governo, por meio do Ministério do Trabalho, legalizou a precarização com o nome de serviços complementares, presentes nas atividades de segurança, limpeza e alimentação no setor público. De outra parte, no setor privado, a precarização laboral se expressa na vigência de contratos de trabalho ocasionais, eventuais, contratos agrícolas por dias, a prova que não duram além de seis meses, onde não se garante estabilidade permanente para todos os trabalhadores. Também se flexibilizaram as jornadas de trabalho, criando-se modalidades que eliminaram o descanso semanal obrigatório.
Quais ações concretas de unidade os trabalhadores da América Latina e Caribe podem organizar para enfrentar os desafios de momento?
A unidade foi a ferramenta fundamental do movimento sindical e social em nosso país para enfrentar o governo da mal chamada revolução cidadã, convertendo-se no eixo fundamental trabalhadores, indígenas, camponeses, estudantes, professores, donas de casa e diferentes setores sociais e populares que se somaram ao descontentamento com as políticas que nos afetam.
Com esta experiência cremos que é possível estabelecer a unidade, não só local, mas também em nível de América Latina e Caribe, que nos permita promover mais as posições do sindicalismo classista e revolucionário e orientar as lutas para enfrentar as políticas do capitalismo e da burguesia de maneira consolidada, aplicando o internacionalismo proletário.
Nos espera uma tarefa fundamental no 10º Elacs que é contribuir para o fortalecimento da unidade dos trabalhadores latino-americanos.
Da Redação