Quase dois mil operários da metalúrgica Mabe das cidades de Campinas e Hortolândia, no interior do estado de São Paulo, estão ocupando as fábricas da empresa desde a manhã de ontem (15) e exigem o recebimento de seus direitos. Com o objetivo de burlar os direitos trabalhistas, os controladores da empresa conseguiram na justiça a decretação de falência na última sexta-feira.
A Mabe é a montadora no Brasil das marcas de eletrodomésticos Dako e Continental, e é controlada pelo magnata mexicano Luís Berrond Ávalos. A fábrica tem forte presença na América Latina e apenas no ano de 2012 obteve R$ 1,4 bilhão de faturamento no Brasil, beneficiando-se com toda a isenção de impostos para os utensílios da linha branca promovida pelo governo federal.
Um ano após esse grande faturamento, a empresa solicitou a entrada em recuperação judicial, fechou a planta da cidade de Itu que contava com mais de mil operários e demitiu mais de 150 trabalhadores que gozavam de estabilidade, muitos deles com lesões laborais. Desde o fim de dezembro a empresa decretou férias coletivas e segue com vários salários atrasados. O convênio médico também foi cancelado deixando os trabalhadores e suas famílias sem assistência.
Para Gilberto Vieira, o Mancha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região e trabalhador da planta de Hortolândia, “Os patrões da Mabe querem usar o atual estado de crise no país para retirar os direitos dos trabalhadores. A empresa já mostrou que tem uma marca forte e que vende no Brasil. A recuperação judicial é uma artimanha que eles utilizaram para demitir os trabalhadores e fazer caixa em sua matriz”.
Ocupação segue para preservar direitos
No momento da ocupação da planta de Hortolândia, seguranças privados ameaçaram os trabalhadores e chegaram a disparar armas de fogo. Nada disso intimidou os operários, que decidiram manter a ocupação até que seus direitos sejam garantidos.
Vários trabalhadores relataram que têm pouca esperança em medidas positivas tanto por parte do governo do Estado (PSDB) quanto por parte do governo federal (PT) e que o sucesso do movimento depende da luta e unidade da própria categoria.
O principal objetivo da ocupação é o de impedir a retirada ilegal de equipamentos e bens de capital do interior das plantas, mas os trabalhadores não descartam conquistar formas de colocar as fábricas em funcionamento sob gestão dos trabalhadores.
Redação São Paulo