Durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho realizado em Bogotá no ano de 1981, consagrou-se a data de 25 de novembro como o dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher, e foi reconhecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 17 de dezembro de 1999. A data marca o assassinato das Irmãs Mirabal ocorrido no dia 25 de novembro de 1960 durante a ditadura sanguinária de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana. Minerva, Patria e María Teresa Mirabal, conhecidas também como As Mariposas, pois este era o nome usado durante suas atividades políticas de combate à ditadura, foram assassinadas em uma emboscada da polícia secreta de Rafael Trujillo. Seus corpos foram mutilados e jogados em um barranco.
Líderes na luta contra a ditadura fascista que se consolidou na República Dominicana, as Irmãs Mirabal foram fundadoras do Movimento 14 de Junho, o qual tinha como objetivo – através de ações subversivas – derrubar o governo ditatorial de Trujillo. A história das Mirabal traz à memória o exemplo de resistência e luta contra tantos séculos de dominação, silenciamento e violência contra o corpo das mulheres, principalmente daquelas que morreram e morrem todos os dias em consequência da violência produzida pelo sistema patriarcal e capitalista. As Mariposas foram e hoje se tornaram símbolo da luta feminina na América Latina e no mundo.
Por isso, na noite do dia 24 para o dia 25 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benário, ocupou um prédio abandonado (Antigo Lar Dom Bosco na Rua Duque de Caxias N° 380) em que anos atrás funcionou um orfanato em que eram acolhidas mais de 50 crianças que agora estão na rua, na cidade de Porto Alegre, como forma de resistir aos ataques que estão sendo feitos por uma sociedade inteira que ignora e acaba todos os dias com a vida das mulheres trabalhadoras do nosso país! Hoje, a cidade de Porto Alegre possuí apenas uma casa abrigo com 48 vagas e um Centro de Referência que não conseguem suprir a demanda da população para uma cidade com mais de 700 mil mulheres. A delegacia especializada da mulher não conta com um atendimento satisfatório, pois não tem profissionais preparados para amparar vítimas de violência doméstica; a Rede Lilás e as políticas públicas para as mulheres sofreram um processo de desmonte e sucateamento desde a extinção da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM-RS), primeira medida do governo Sartori no RS, que precarizou ainda mais os serviços na área em todo o Estado. Em 2014, apenas 0,009% do Orçamento do Munícipio foi investido na Secretaria Adjunta das Mulheres (cerca de R$400 mil); as vagas ofertadas nas escolas de educação infantil são insufientes, apenas 6,46% das 94.929 crianças de 0 a 5 anos conseguem uma vaga em creches públicas.
Os números de violência contra a mulher estão cada vez mais assustadores. Segundo o Mapa de Segurança Pública e Direitos Humanos de Porto Alegre com dados coletados em 2013, 26.181 mulheres foram agredidas naquele ano na capital gaúcha. Nos últimos anos os investimentos em políticas de enfrentamento à violência doméstica diminuíram drasticamente, só de 2015 para 2016 houve um corte quase pela metade nos investimentos que foram de R$237.494,06 para R$113 mil, segundo dados adquiridos através da Lei de Acesso à Informação.
Portanto, a luta por um centro de referência à mulher, que proporcione atendimento psicológico, jurídico e médico é nossa reivindicação como Movimento de Mulheres Olga Benário! Através desta ocupação, queremos garantir que as mulheres gaúchas tenham um centro de referência, local onde possam ser atendidas e que possam morar com seus filhos se necessário!
Exigimos uma verdadeira política de combate à violência contra a mulher!! Nós, mulheres, a exemplo das Mirabal, lutaremos para pôr fim a esse sistema que mata e oprime mulheres diariamente. Não aceitaremos os retrocessos que estão sendo empurrados pelo governo dos ricos. Não aceitaremos nenhum direito a menos!!
É pela vida das mulheres!
Viva o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher!
Thainá Gawlinski, Movimento de Mulheres Olga Benário.
Camaradas, acredito que o texto ficou incompleto: o Movimento de Mulheres Olga Benário, ocupou um prédio (dar descrição), na …
Força, gente!
Como homem gay achei o discurso tão excludente e fedendo a naftalina, tão velho que nem abarcou as mulheres, aquelas que nasceram com um pinto na genital e um nome de homem na carteira de identidade. Espero que mulheres trans tenham um espaço neste espaço, pois, senão, não.
Gostaria de receber mais informações sobre o trabalho e como ser voluntária nesta causa.
Alguém poderia me indicar um abrigo em Porto Alegre? Não estou em situação de violência, mas me expulsaram de casa e não tenho para onde ir