No dia 28 de abril de 2017, a classe trabalhadora e o movimento estudantil de Goiânia se uniram para participar da Greve Geral, organizada nacionalmente contra todas as medidas de ataque aos direitos do povo, como a reforma trabalhista e da previdência, promovidas pelo governo golpista de Michel Temer juntamente com o reacionário Congresso Nacional. O ato percorreu diversos pontos do centro da cidade e parou em frente à histórica Praça do Bandeirante, reunindo milhares de manifestantes.
Quando o ato já caminhava para o fim, ouve uma tentativa de prisão de um manifestante por parte de um policial à paisana, o famoso P2. A tentativa dos policiais falhou, mas não os fez desistir. Logo após, começaram a atacar os manifestantes, batendo com o cassetete e usando sprays de pimenta. Muitas pessoas ficaram feridas e machucadas.
O caso mais grave é o de Mateus Ferreira da Silva, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), que foi espancado pela PM na cabeça e no corpo com golpes, ao ponto do cassetete quebrar quando atingiu a cabeça de Mateus, demonstrando a violência descomunal utilizada pela Polícia Militar de Goiás contra os manifestantes.
Mateus encontra-se internado na UTI do HUGO (Hospital de Urgências de Goiânia). Seu estado de saúde é grave. Está sedado e respira por aparelhos. Apresenta traumatismo cranioencefálico (TCE) e múltiplas fraturas. Passou por exames e avaliação multidisciplinar, na Emergência do Hugo, onde foi submetido a procedimentos na face com a equipe de bucomaxilofacial. Na madrugada de 30 de abril, Mateus foi submetido a um procedimento cirúrgico de retirada de coágulo e reconstrução tecidual, porém houve queda de pressão e seu estado ainda é o mesmo.
Ironicamente, tudo aconteceu naquela praça que é nomeada pela figura de um personagem histórico que, ao desbravar o Brasil em busca de ouro, tomava terra dos Índios, os matava e escravizava. Um monumento, no cruzamento de duas das maiores avenidas da capital, homenageia um homem covarde que colaborou para o massacre de um povo que só lutava por aquilo que lhes era de direito. As histórias se confundem, o enfrentamento histórico é o mesmo. A polícia militar se “anhanguerizou” e a maioria continua sendo prejudicada.
Lutando por seus direitos e sofrendo a repressão por parte daqueles que a exploram. A pele vermelha foi de pimenta e o sangue de mais um inocente jorrou na luta contra a previdência, contra Temer, seu autoritarismo e a repressão. “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda, como farsa”, a frase dita por Marx nos faz refletir sobre esse acontecimento.
A polícia é acobertada pela mídia que justifica o ocorrido como “briga entre os próprios manifestantes”. Enquanto isso, o número de pessoas que já sofreram com a violência da polícia goiana só aumenta. Nessa mesma semana, professores do município ocuparam a Secretaria Municipal de Educação em busca de seus direitos, sendo atacados por essa mesma polícia sangrenta que os cercou no prédio, jogou bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, torturou e prendeu trabalhadores. A luta histórica continua, a luta de classes, a luta contra um grupo privilegiado. Não vamos pagar a conta de um governo corrupto, autoritário e covarde!
Rebeca Maria Calgaro, Movimento de Mulheres Olga Benário Goiás
Murilo Alves, Movimento Correnteza Goiás