Há exatos cinco anos, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organizou 200 famílias para realizar uma ocupação para reivindicar dos governos o direito à moradia. Assim, surgiu a Ocupação 8 de março, uma referência ao Dia Internacional da Mulher, e uma homenagem a Valdete Guerra (data de seu aniversário), coordenadora do MLB e líder da Ocupação Leningrado, falecida de câncer em 2011.
Essas famílias enfrentaram sol, chuva e relento em habitações precárias e agora, às vésperas de irem morar nas unidades habitacionais conquistadas na luta e construídas por meio do Programa Minha Casa Minha Vida, um incêndio destruiu mais de 90 barracos na manhã do último dia 04 de outubro.
O MLB reivindicou junto aos órgãos responsáveis uma solução para as famílias desabrigadas e conseguiu, depois de um dia inteiro de conversações, que fosse garantido alojamento e alimentação para essas famílias.
Mas o mais importante foi a solidariedade do povo. Mal as chamas se apagavam, as doações começaram a chegar. Quilos de alimentos, sopas, pães, sacolas e mais sacolas de roupas chegavam à ocupação. Jovens organizados pela União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP) começaram a fazer campanha de arrecadação de doações e estas não param de chegar.
Essa tragédia não é fruto do acaso, mas sim do descaso dos governos que apenas atendem os interesses dos ricos e da especulação imobiliária, enquanto as famílias que lutam por moradia digna enfrentam riscos como esse todos os dias. Mas não há outro caminho senão a luta para conquistar diretos e pôr fim a essas injustiças.
Em todo o país são milhões de pessoas que vivem em situação de risco. Moram em habitações precárias, insalubres e em áreas de risco. Isso não acontece à toa. A concentração das terras e dos imóveis nas mãos de uma reduzida minoria impede que milhões de seres humanos tenham acesso a um direito humano básico, a habitação.
Redação RN