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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Há 40 anos Cajá era preso pela ditadura e o povo foi às ruas lutar contra o regime

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Há quarenta anos, no dia 12 de maio de 1978 ocorria o sequestro do então líder estudantil e comunista Edval Nunes Cajá. Na época cursando ciências sociais na UFPE, Cajá participava ativamente do movimento estudantil e era integrante da Comissão de Justiça e Paz, organizada por Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife (PE).

Cajá foi sequestrado por agentes da ditadura, sendo submetido à torturas durante 3 dias e mantido em cárcere privado por 12 meses. Foi o último preso político libertado durante a ditadura militar.

Cajá foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, acusado de organizar o Partido Comunista Revolucionário (PCR), um dos partidos políticos considerados pela ditadura como uma ameaça à soberania nacional. Apesar das torturas, utilizadas como meio de obter informações que levassem à prisão de outras lideranças, Cajá nada revelou aos seus algozes.

A prisão de Cajá teve repercussão nacional e internacional, grande visibilidade na mídia e mobilizou muitos setores da sociedade que se engajaram na luta pela sua liberdade. Em passagem pelo Recife, Elis Regina participou de uma cerimônia religiosa presidida por Dom Helder, em apoio à Cajá, que contou com a participação de 1,5 mil pessoas. Além disso, no primeiro dia de apresentação, Elis dedicou seu show para o estudante e preso político. No segundo dia, após ser repreendida pelos órgãos militares, a cantora driblou a censura fingindo chamar o baterista da plateia ao palco: “Vem cá, já. Não posso começar o espetáculo sem você”.

Uma das formas de protestar contra essa arbitrariedade foram as pichações. O prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE foi um dos locais utilizados para as manifestações contra a prisão de Cajá. “Na minha prisão existiu muita pichação. Nas manifestações tinham ‘greve amanhã’, ‘passeata amanhã’, ‘Cajá está preso, você vai a aula?’. O jornal Diário de Pernambuco fotografou. Os estudantes passaram o dia escrevendo e no dia seguinte saiu na capa do jornal. A partir desse dia suspenderam a tortura e começou a greve estudantil”, revela Cajá. O movimento que os agentes da ditadura militar queriam frear, surtiu efeito contrário, cresceu. Logo estalou a primeira greve estudantil desde 1969, quando havia acontecido a última. A greve pela liberdade de Cajá se espalhou país afora e chegou até a Universidade Federal do Paraná.

A assembleia pela deflagração da greve ocorreu em maio de 1978 e contou com a participação de 350 pessoas. A adesão do movimento estudantil foi bastante intensa com a adesão de quase todos os cursos da UFPE. Outras manifestações aconteceram durante todo o período em que Cajá permaneceu preso. Diante da pressão popular, Cajá foi solto, mas voltou a ser preso pouco tempo depois, sendo liberado definitivamente em 1 de junho de 1979.

Quarenta anos depois, Cajá segue construindo o PCR, mesmo Partido pelo qual lutaram e morreram defendendo Manoel Lisboa, Manoel Aleixo, Amaro Felix Pereira, Emmanuel Bezerra e Amaro Luiz de Carvalho. A ditadura militar acabou mas não conseguiu destruir o PCR e nem a moral revolucionária de Cajá e de seus militantes.

A reação dos estudantes e da população em geral contra a prisão de Cajá demonstraram a disposição do povo de lutar contra as injustiças, mesmo debaixo de um regime ditatorial, quando convocados para a luta através de uma campanha de contundentes denúncias das injustiças e maldades que os capitalistas são capazes de praticar para assegurar a exploração e os lucros do capital nacional e do imperialismo.

Redação Pernambuco

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