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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Estudantes da Colômbia protestam contra o desmonte da educação

Na tarde do dia 10 de outubro, as ruas de várias cidades da Colômbia foram tomadas por uma maré de estudantes e professores contrários às medidas de sucateamento e privatização que afetam a educação superior colombiana. O ato foi chamado pelo Movimento Estudantil Universitário da Colômbia, mobilizando dezenas de milhares de estudantes das 32 Universidades públicas e de várias Universidades privadas do país, contando ainda com apoio da Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode), da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e de organizações indígenas e comunais.

Em nota, a Fecode afirmou que: “A educação pública da Colômbia está à beira do colapso”. Os estudantes, por sua parte, publicaram em suas redes sociais a convocatória para o ato: “Quando se paga por um direito, ele se converte em privilégio. A educação pública é a garantia de desenvolvimento. Somos estudantes e graduados de universidades públicas e privadas e vamos marchar amanhã! Venha conosco! #10deOCTUBREPorLaEducación”.

Nos últimos 25 anos, com o avanço do neoliberalismo, as universidades públicas colombianas têm sofrido consecutivos cortes em seu orçamento por parte do Governo, gerando um profundo déficit orçamentário nessas instituições. Esses déficits têm sido usados como argumento para defender a privatização do ensino superior no país, algo similar ao que vem ocorrendo com a educação superior brasileira.

Essa foi a primeira grande mobilização enfrentada pelo governo do Presidente Iván Duque, do partido de direita Centro Democrático, que venceu as eleições presidenciais em junho deste ano. Os estudantes, que construíram uma ampla unidade em oposição ao governo conservador, reivindicam: investimento de 18 bilhões de pesos para melhorar a qualidade da educação; ressarcimento de 700 milhões de pesos para a ciência e a tecnologia, referente à acusação de desvio de verba por parte do governo; créditos sem juros e transparência com recursos em universidades privadas e aumento orçamentário para o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA) e a Escola Superior de Administração Pública (ESAP).

Para o conjunto dos estudantes essas cifras são completamente viáveis e devem ser retiradas do orçamento da Pasta da Defesa. A Colômbia tem as Forças Armadas mais bem preparadas entre os países da América Latina, tendo se tornado este ano um país membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar encabeçada pelos Estados Unidos. A participação da Colômbia na OTAN e o alto investimento em suas Forças Armadas demonstram a preparação para um possível conflito com a Venezuela, na qual o país cumpriria o papel de defensor dos interesses estadunidenses na região.

Os estudantes não aceitam que a educação pública seja sucateada para que se mantenha os investimentos que têm como objetivo promover uma guerra entre povos irmãos na América Latina, atendendo aos interesses da burguesia internacional. Por isso a mobilização dos estudantes se mantém, mesmo com o anúncio de Duque de que aumentará o orçamento da educação.

O movimento estudantil mais uma vez mostra sua força e sua importância histórica em defesa dos direitos da juventude e do povo. Os colombianos preparam agora uma grande greve estudantil contra as medidas do governo e, com sua mobilização, chamam atenção da sociedade não apenas para o descaso para com a educação, mas também pela necessária luta pela paz na região e contra as intervenções militares externas, que historicamente massacram povos pelo mundo, causando morte e miséria para a classe trabalhadora.

Jady Oliveira e João Coelho, Movimento Correnteza de São Paulo

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