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domingo, 22 de dezembro de 2024

Milionário Edir Macedo ataca direito das mulheres à universidade

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Em meio ao culto no Templo de Salomão, Edir Macedo defendeu que as mulheres não devem ter acesso à universidade, pois, assim, os homens iriam se sentir inferiores.

Gabriela Torres


Foto: Blog do FM/Templo de Salomão

“Você vai fazer até o ensino médio, depois, se quiser a faculdade, você que sabe. Mas até o seu casamento, será apenas uma pessoa de ensino médio. Porque se a Cristiane (…) fosse doutora, tivesse um grau de conhecimento elevado, e encontrasse um rapaz que tivesse grau de conhecimento baixo, ele não seria o cabeça, ela seria a cabeça. E se ela fosse a cabeça, não serviria à vontade de Deus”.

Foi com essas palavras que o bispo Edir Macedo viralizou nas redes sociais na terça-feira (24). O vídeo em questão registra parte de um culto do religioso, que está junto de sua família no palco. Em um dado momento, Macedo puxa uma de suas filhas e começa o espetáculo de aberrações misóginas.

A justificativa do empresário para ter proibido suas filhas de cursarem um ensino superior foi a de que o funcionamento de uma família só seria possível com um núcleo em que o homem é “o cabeça”, “o macho”, e que permitir que mulheres ingressassem em uma graduação ou especialização científica seria contra os “planos de Deus”.

As mulheres sofrem com a falta de visibilidade, legitimidade e incentivo à ocuparem postos de liderança ou destaque, incluindo o meio intelectual. Quando se desafiam a ultrapassarem suas criações, são questionadas por suas escolhas e assediadas nos espaços universitários, além de lidarem com lamentações masculinas, como as desabafadas pelo charlatão, sobre o suposto teor negativo acerca dos discursos que contestam essa imposição ao papel da mulher na sociedade. “Não é isso que se ensina hoje. O que se ensina é o seguinte: ‘minha filha, você nunca vai sujeita a um homem’. Tá bom, então vai ficar sujeita à infelicidade (…) Não existe felicidade na mulher cabeça e o homem corpo”, defendeu no vídeo.

Edir Macedo, contudo, não é apenas machista: é um capitalista, um empresário. Dono do Grupo Record, o terceiro maior conglomerado de mídia do país, é detentor de uma fortuna que ultrapassa um bilhão de dólares. Proprietário também da Igreja Universal do Reino de Deus a maior vertente do protestantismo neo pentecostal entre os brasileiros, chegou a ser eleito o pastor mais rico do Brasil, e carrega um histórico de denúncias por estelionato, charlatanismo, lavagem de dinheiro e fraude.

A dinâmica capitalista utilizou como alicerce primário de sua estrutura o machismo. Ele foi necessário para intensificar a exploração, e se iniciou com o processo de arranjo do núcleo familiar capitalista, já que a mulher é responsável pela reprodução do próprio capital e por um trabalho não pago que garante a estadia do próprio trabalhador no sistema produtivo, as tarefas domésticas.  Por isso, a classe dominante continuará defendendo a subserviência feminina, e enquanto o lucro foi a prioridade do sistema vigente, não será possível alterar esse quadro.

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