Mesmo com a tentativa de desorganizar e criminalizar a justa causa pelo direito à moradia, o povo de Jundiapeba deu o primeiro passo e saiu às ruas do bairro e manifestou toda sua revolta contra a negligência e arbitrariedade da prefeitura de Mogi das Cruzes.
Pedro Dragoni e Thales Caramante
Foto: Marcelo Viola/Jornal A Verdade
MOGI DAS CRUZES (SP) – A prefeitura de Mogi das Cruzes através de seu representante João Victor – diretor de habitação do município – convocou, na sexta-feira (dia 30), uma reunião às pressas com a população com o intuito de amansar o ímpeto do povo de realizar o ato marcado no dia do aniversário de 459 anos da cidade, 1º de setembro; sendo 459 o número das famílias que correm o risco de despejo no bairro de Jundiapeba.
A prefeitura de Mogi age como órgão administrativo do Estado burguês, busca fazer o jogo de “morde e assopra” na tentativa de enganar o povo e desmobilizar os moradores em luta. Em um primeiro momento, a prefeitura buscou dissimular, como defensora da causa pela moradia da população de Jundiapeba – inclusive atacando sordidamente a empresa de transmissão de energia elétrica ISA CTEEP, da qual eles verdadeiramente estão a serviço –, e reiterando a constitucionalidade de manifestação do povo, para, logo em seguida, de forma arbitrária emitir uma ordem judicial para impedir o protesto popular com a justificativa de que o ato seria potencialmente não pacífico.
Não bastasse isso, no mesmo documento consta que, se fosse desobedecida tal ordem – de manifestação em um raio de 3 km do local no centro da cidade onde seria realizada a festa de aniversário de Mogi –, o povo de Jundiapeba que além de sofrer diariamente com a possibilidade de perderem suas casas e sem nenhuma contrapartida por parte da prefeitura e da empresa, teriam de pagar o valor inacreditável de R$100.000,00 ao Poder Municipal. O quadro que se apresenta é de clara tentativa de criminalização do ato, de tirar a responsabilidade do poder “público” e, como se já não fosse o bastante, de processar os já tão prejudicados moradores do bairro de Jundiapeba.
Tendo em vista a convocação de uma reunião em pleno pátio do batalhão da PM – da qual não saiu qualquer ação mais concreta por parte da prefeitura – e a emissão de tal ordem judicial infame que são nada menos do que métodos de intimidação à luta popular. O povo de Jundiapeba e sua comissão do Movimento Jundiapeba por Moradia decidiram não recuar e realizar o protesto no domingo.
Foto: Marcelo Viola/Jornal A Verdade
Ignorados pela imprensa local – O Diário de Mogi e Mogi News –, com vários cartazes, gritos de ordem e acompanhados de um carro de som, vários moradores saíram às ruas no bairro de Jundiapeba no intento de alertar e conscientizar a população local do problema que atinge a comunidade. Foram feitas diversas falas tanto dos próprios moradores do bairro, quanto de apoiadores da luta popular não apenas na cidade de Mogi como de toda a região do Alto Tietê.
Foto: Marcelo Viola/Jornal A Verdade
Mogi completando 459 anos, realizando uma gigantesca festa de artistas com cachês que chegam a quase meio milhão de reais (entre eles, a cantora Anita), o povo trabalhador é ameaçado, chantageado a não se manifestar do modo que bem determinarem. Isso põe em xeque a ideia da “democracia plena” que propagandeiam os jornais burgueses, mas o real significado da expressão democracia quer dizer “poder do povo”; algo que na realidade se mostra totalmente o oposto em Mogi das Cruzes. A conclusão a se chegar é que a “democracia” que existe é a democracia somente para os empresários, os bancos e os burocratas do poder público.
Faz-se urgente denunciar a posição autoritária por parte da prefeitura e do poder judiciário e enfatizar que somente a organização do povo e sua vontade de luta podem fazer real embate no intento de defender seus direitos frente aos desmandos das “autoridades”.