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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Chile: Revolta popular e execuções como forma de repressão

Após a vitória do povo no Equador, os trabalhadores chilenos se erguem contra políticas neoliberiais, tendo o aumento das passagens do metrô como estopim para a revolta geral em todo o país.

Raphael Assis


Foto: Reprodução/AFP

CHILE – Há 7 dias uma onda de protestos tomou conta das principais cidades do Chile, resultado de uma forte e justa revolta popular diante a absurda política neoliberal que vem sendo posta em prática pelo presidente Sebastián Piñera, o qual, amedrontado pela força da luta dos chilenos nas ruas e pelas dimensões que a insatisfação daquele povo vem tomando, decretou estado de emergência no país, implementando toques de recolher e fechando escolas, universidades e as principais linhas do metrô.

Nesta quarta-feira (23/10), uma criança de 4 anos foi morta durante um protesto na cidade de San Pedro de La Paz, no estado de Concepción. Esta já é a décima oitava morte em decorrência da forte violência com que vêm sido combatidas as lutas das pessoas nas ruas. Inclusive, desde que o presidente acionou as forças militares para “por ordem” nas manifestações, inúmeros registros de truculência por parte do Exército têm sido divulgados nas redes sociais, a exemplo de um vídeo no qual três soldados aparecem cheirando cocaína momentos antes de começarem a reprimir um grupo de manifestantes, sem contar as cenas chocantes de pessoas sendo espancadas, torturadas e até mesmo alvejadas à queima-roupa por esses lacaios do governo assassino de Piñera. Esta foi a primeira vez, desde a ditadura sanguinária de Pinochet, que as forças militares foram acionadas por um presidente para reprimir manifestações populares.

Os resultados de tamanha repressão? Mais de 2 mil pessoas detidas, 88 feridas a tiros e 18 outras assassinadas por um governo incapaz de se sensibilizar com a insatisfação de seu povo, que há anos vem sofrendo com índices absurdos de desigualdade social, provocados por conta de uma política terrorista de privatizações, que entregou à iniciativa privada setores essenciais da economia, como a saúde, educação, transporte, previdência social e até mesmo a distribuição de água.

Foto:Tono/Carbajo Fotomovimiento

Ou seja, é certo que, apesar de terem tido, como causa inicial, o aumento de 20% nas tarifas de metrô, passando para absurdos 830 pesos (o equivalente a R$ 4,70), os protestos do povo chileno reivindicam também a melhora na qualidade de vida de uma população que é obrigada com uma renda baixa, já que 50% dos chilenos vivem com uma média salarial igual ou inferior ao salário mínimo do país, enquanto precisa pagar por praticamente todos os serviços essenciais à vida, inclusive pela água e a saúde.

É preciso lembrar que a política que hoje está gerando um verdadeiro caos político e social no Chile é a mesma política elogiada veementemente pelo governo do fascista Bolsonaro e sua corja de serviçais do mercado financeiro, como Paulo Guedes, o qual ainda teve a audácia de afirmar ter sido inspirado no modelo de previdência social privado chileno. Este modelo obriga 90% dos aposentados a viverem com metade do salário mínimo e que tem provocado a maior onda de suicídios entre a população idosa da história do Chile.

Mas as mídias burguesas do Brasil não têm coragem de falar qual é a real causa que mantém o povo na rua no Chile; limitam-se a tocar no assunto do aumento das tarifas, porque estão subordinadas à lógica do mercado financeiro dos banqueiros, que empurrou uma Reforma da Previdência praticamente igual à do Chile goela abaixo nos brasileiros. Querem esconder de nós os reflexos de uma política que se sustenta em cima da desigualdade social e da fome e da miséria dos idosos e de toda a população, pois têm medo de que saibamos a verdade por trás de seus interesses sombrios.

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