A unidade de esquerda que queremos vem das ruas!

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O que precisamos é de um programa popular e candidaturas populares que assumam o compromisso de lutar contra o governo fascista de Bolsonaro. Que sejam uma força política disposta a travar a luta para derrubar esse governo e que, antes, durante e após as campanhas eleitorais, saiam às ruas para exigir Fora Bolsonaro!

Wanderson Pinheiro
Unidade Popular pelo Socialismo


Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade

BRASIL – Está aberto o período para disputas eleitorais e o lançamento de pré-candidaturas a prefeito e vereador estão ocorrendo. A utilização da ameaça do fascismo para promover alianças de esquerda sem programa ou sem princípios é um atrativo perigoso. O rebaixamento dos programas pode levar a discussão para o campo do eleitoralismo puro e simples. Passa-se assim a se fazer cálculos medíocres com base nas pesquisas eleitorais, no “carisma” e até mesmo no tempo de TV determinado pelas cláusulas de barreira. Os militantes da Unidade Popular pelo Socialismo não podem cair neste rebaixamento promovido pela esquerda reformista.

É obvio que existe uma ameaça de ascensão do fascismo. A questão é saber que método e que política pode fazer frente ao fascismo e está disposto a derrubá-lo.

Primeiramente, em nossa opinião, essa unidade deve ser resultado das lutas nas ruas. As ruas que pedem o fim do aumento das tarifas de transporte, que gritam por moradia, saúde e educação. As ruas de Minas Gerais inundadas pelas enchentes com casas destruídas e dezenas de jovens, mulheres e crianças mortas pelo descaso dos governos em plantão. Estes gritam bem alto e exigem reparos, não aceitando mais aqueles que pedem paciência diante da morte e do desespero dos pobres desse país. Existem muitos recursos para tirar essas famílias dessa situação, para isso somos obrigados a tirar dos banqueiros, questionar a dívida pública e fazer com que a burguesia pague seus impostos progressivamente.

Somente conquistando o povo e o levando às ruas derrotaremos o fascismo. Assim, precisamos defender um programa que o agite, o ponha em movimento. Que seja fruto de suas reivindicações mais sentidas. Assim, mostraremos que somos nós da esquerda popular os únicos que estão juntos para o que der e vier.

Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade

Também chega de conciliação com os empresários dos transportes públicos que aumentam as tarifas de maneira absurda, lucram bilhões, enquanto demitem trabalhadores alegando que estão em crise. Os transportes precisam voltar a ser municipais, geridos pelo poder público, com boa qualidade e com preços condizentes com a situação salarial dos trabalhadores. Infelizmente, alguns que se dizem de esquerda foram contra as jornadas de junho de 2013 e ainda aprovaram uma lei antiterrorismo para lançar manifestantes nas cadeias.

Defendem assim, às leis de responsabilidade fiscal, os ajustes e, inclusive, nos estados onde governam, querem aprovar a reforma da previdência e entregaram a base de Alcântara para o imperialismo estadunidense. Esta é a proposta do reformismo para barrar o fascismo? Onde a conciliação com o capital financeiro, com a grande burguesia nacional e internacional, é capaz de derrotar o fascismo?

O que precisamos é de um programa popular e candidaturas populares que assumam o compromisso de lutar contra o governo fascista de Bolsonaro. Que sejam uma força política disposta a travar a luta para derrubar esse governo e que antes, durante e após as campanhas eleitorais, saiam às ruas para exigir Fora Bolsonaro!

Precisamos compreender que a derrota do fascismo só pode vir das lutas, com o povo tomando as ruas e não do parlamento que é um terreno adverso e dominado pela burguesia. Precisamos então ter pré-candidaturas que estejam a serviço da luta, pautando a necessidade do cancelamento da reforma da previdência, da revogação da reforma trabalhista, do fim do teto dos gastos para áreas sociais. Enfim, candidaturas frontalmente contra o governo fascista e pela sua derrubada.

Deste ponto de vista, consideramos que a eleição municipal deve ser nacionalizada pela esquerda consequente, debater as questões municipais vinculada ao processo de retirada de direitos, de entrega do patrimônio público e dos recursos naturais, enfim, todas as barbáries praticadas pelo governo Bolsonaro e denunciar os candidatos ligados a ele e que promoveram esses absurdos.

O governo Bolsonaro é um governo que se enfraquece e o palácio do planalto parece uma fábrica de crise. Bolsonaro foi derrotado e praticamente expulso do PSL; teve que tirar o ministro fascista adorador de Joseph Goebbels e Hitler; não conseguiu indicar o filho embaixador nos EUA; é forte suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco. Na verdade, não faltam motivos para tirá-lo do poder. Ele só se mantém no poder por atender aos banqueiros e ao capital financeiro e por ser apoiado pela grande mídia burguesa. Por isso, ele não vai cair sem uma política contundente, uma política que não abra espaço para conciliação, que tome as ruas e o derrube.

Infelizmente ainda temos que insistir nisso para promover possíveis alianças no campo das esquerdas no Brasil. Evidentemente que alguns vão dizer que o programa é para prefeitura municipal e deve se rebaixar a discutir só o âmbito da legislação municipal em voga. Na verdade, quem pensa assim concilia não só com a burguesia, mas com o fascista Bolsonaro.

Não querem de fato derrubá-lo, mas disputar com ele na possível eleição de 2022 e dão asas para os fascistas recrudescerem um regime autoritário que claramente almejam. Demonstra isso a recente entrevista de Lula da Silva na UOL onde faz elogios a Bolsonaro, diz que não devemos julga-lo em um ano de mandato e que ele foi eleito pelo povo e tem direito de governar por 4 anos. Como não julgar um desgoverno que acabou com a previdência social, está privatizando o país e entrega a nossa soberania aos EUA?

O caminho da conciliação de classes e do reformismo demonstrou que é um caminho falido. Precisamos fazer um combate a essa conciliação que continuou pagando a dívida pública sem ao menos questioná-la, não retomou as estatais privatizadas, não puniu os assassinos da ditadura fascista e abriu as portas aos interesses dos banqueiros, sendo isso uma porta aberta ao fascismo.

Em momento de uma luta de classes aberta em toda América Latina contra o fascismo é evidente que também é um momento propício para defendermos o socialismo, ou seja, o planejamento econômico e a distribuição das riquezas socialmente produzidas, como a saída para a grave crise econômica e política promovida pelas elites mundiais. Candidatos a prefeito de esquerda de fato não podem nem devem titubear em defender o socialismo frente ao fascismo. Claro que não significa que pretendamos implantar o socialismo em um só município, nem isso será a tarefa de um único prefeito. Mas será uma semente lançada ao povo e semente plantada em um terreno fértil dará muitos frutos que logo serão colhidos.

Em breve lançaremos as pré-candidaturas da Unidade Popular pelo Socialismo em vários municípios do país e estamos ao mesmo tempo abertos para construir uma enorme unidade das esquerdas, vinda das ruas e do nosso povo pobre, negro e trabalhador. Acreditamos que este é o caminho e por ele lutamos!