Diaristas e desempregadas ficam sem renda em meio à pandemia

36
SEM GARANTIAS – As trabalhadoras do comércio informal não têm nenhuma garantia de vida. (Foto: Reprodução)

Lilian de Oliveira Luciano
Diarista, Movimento de Mulheres Olga Benário.

RIO GRANDE DO SUL – Uma parte dos empregadores estão dispensando seus funcionários como medida de emergência, mantendo-os em casa para evitar a circulação e diminuir as chances de contaminação através do vírus. Com isso, não podem descontar dias não trabalhados e nem os demitir. As escolas cancelam as aulas e ficarão fechadas por período ainda indeterminado. Mas quem garante a sobrevivência das mães e pais que trabalham por conta própria? Quem pensa na saúde dessas pessoas?

Quem consegue contribuir com o INSS vai receber um valor irrisório do governo. São R$200,00, o que é muito inferior ao necessário para manter uma família de 3, 4 ou até 5 pessoas. Medidas como essa do governo, forçam as pessoas a trabalhar, mesmo em tempo de quarentena.

E as trabalhadoras e trabalhadores que não contribuem? São pessoas que acabam trabalhando por anos para patrões sem um contrato que permita qualquer garantia de direitos, quanto menos a possibilidade de auxílio durante a dispensa que hoje se faz necessária. Podemos apenas esperar o bom senso dessas pessoas, a compreensão e o respeito pelo trabalho que tanto lhes serviu.

Infelizmente não é isso que ocorre na maioria dos casos. Fruto dos tempos da escravidão, o trabalho doméstico não tem nenhum valor em nosso país e quem trabalha nesse ramo ainda não acessa direitos mínimos. É preciso reconhecer a importância do trabalho prestado, da disponibilidade para o que fosse preciso. O que seria desses empregadores sem nós nos doarmos para o trabalho exigido? Quem o faria?

Dispensar sem questionar como essa pessoa ficará não é certo e nem livrará patrões de serem contaminados pelo vírus. Não é coerente e nem responsável com a saúde, pois essas pessoas circularão em busca de alimentos, a sua situação não permite que tomem os cuidados necessários.

Sobre essa experiência, falo dos mais de dez estabelecimentos em que eu trabalho. São casas, escritórios, prédios e pet shops todas as semanas. Destes tantos lugares, apenas três pessoas tiveram a consciência e preocupação com a minha situação, pessoas que realmente são dignas do meu carinho, respeito e gratidão.

Deixo aqui meu agradecimento e solidariedade às mães trabalhadoras que estão passando pela mesma situação. Não aceitaremos mais caladas ao abandono e descaso com as trabalhadoras e trabalhadores.


 

Compreendendo a situação de inúmeras mulheres trabalhadoras no Brasil e nós enquanto Movimento de Mulheres Olga Benário organizamos uma campanha em apoio a todas que estão sem renda para que possam estar em suas casas, protegidas. É a Campanha de Apoio a Diaristas. Queremos uma sociedade sem individualismo em que tenhamos direitos iguais à todas e todos, incluindo o direito à saúde. Por isso, contamos com o seu apoio!