Irresponsável, Crivella relaxa quarentena no Rio de Janeiro

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RISCO – Muitos cariocas podem se contaminar com o Covid-19 após as declarações genocidas de Bolsonaro e Crivella. (Foto: Reprodução/G1)

Felipe Annunziata

RIO DE JANEIRO – Em sintonia com o discurso irresponsável feito esta semana pelo presidente Jair Bolsonaro, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) flexibilizou as normas da quarentena na cidade e anunciou que em 15 dias tudo deve “voltar ao normal”.

Alguns estabelecimentos comerciais já voltaram a funcionar hoje (27), depois que um decreto publicado na quarta (25) pela Prefeitura autorizando a abertura de lojas de construção e lojas de conveniências.

O bispo Crivella, agindo assim, endossa a política assassina do Governo Federal, que visa por fim à quarentena e colocar milhões de pessoas em risco de morte.

Ao mesmo tempo que quer acabar com a quarentena, a gestão Crivella continua sucateando o transporte público e o sistema de saúde. O que não faltam são denúncias de servidores da saúde sobre a falta de materiais de proteção hospitalares e vagas para atender os pacientes de coronavírus e outras doenças.

O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do Brasil, conta com dois milhões de moradores nas mais de 700 favelas da cidade, que vivem em condições precárias e aglomerados. Falta água em vários bairros por conta do projeto de destruição da empresa pública de água e esgoto, a CEDAE, encabeçado pelo governador Wilson Witzel (PSC). Além disso, a cidade vive um surto há anos de tuberculose. São 70 casos para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional.

A Quarentena Existente já Não é Suficiente

Crivella e Bolsonaro querem montar o cenário perfeito para o coronavírus atacar de frente o povo do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, as restrições de circulação já impostas são insuficientes, visto que a quarentena foi apenas para o comércio não essencial e o setor do turismo. Fábricas, call centers e escritórios continuam funcionando, por exemplo.

São centenas de denúncias de trabalhadores de telemarketing de que empresas não respeitam as recomendações sanitárias para evitar contaminação e, inclusive, obrigam os idosos a continuarem trabalhando. O BRT (serviço de ônibus articulado) e os ônibus continuam lotados porque vários setores não essenciais continuam funcionando.

O Rio de Janeiro, antes da pandemia, já se encontrava com o sistema de saúde à beira do colapso. A Prefeitura nos últimos quatro anos reduziu de 70% para 50% a cobertura das clínicas da família, que serão a linha de frente na luta contra o coronavírus. A situação é tão grave que já há denúncias de trabalhadores da saúde de que pessoas estão morrendo de coronavírus sem fazerem o teste para diagnosticar a doença.

Nesta semana, o prefeito de Milão (Itália), Giuseppe Sala, foi obrigado a pedir desculpas por ter defendido junto com as empresas de bares e restaurantes o fim da quarentena. Isso ocorreu no dia 26 de fevereiro, quando Sala publicou um vídeo defendendo que as pessoas continuassem nas ruas independente do vírus. Hoje, a cidade localizada no norte da Itália contabiliza 5,4 mil mortes e seu sistema de saúde está completamente quebrado.

Se na Itália, um país rico e com grandes investimentos em saúde, isso ocorre, imagine na cidade do Rio, onde o prefeito sempre foi um inimigo da saúde pública?

Essa posição da Prefeitura tem dois objetivos: atender os interesses mesquinhos da burguesia, que quer garantir seus lucros, e afagar o ego fascista do presidente da República. A questão é que a Prefeitura faz isso jogando com a vida de 6 milhões de cariocas.

Está na hora de paralisar completamente a cidade, garantir uma linha de distribuição dos itens básicos ao povo pobre e dar todo o auxílio necessário para os pequenos comerciantes, trabalhadores autônomos e informais. Reabrir a cidade agora é condenar nosso povo à uma tragédia.