Lucas Nascimento
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
SÃO PAULO – Frequentemente vemos o descaso da burguesia com a vida humana acima do lucro como nos desastres ambientais de Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Mas a frieza com a vida da população mostrada pelo Governo Bolsonaro no meio de uma pandemia Mundial do Coronavírus (COVID-19) tem aterrorizado o País nessas últimas semanas, por mostrar, de forma escancarada que quando a proteção da vida vai contra o lucro da grande burguesia, ela não pensa duas vezes em ignorar todas as mortes causadas pelo vírus no Mundo e jogar de milhares de trabalhadores e trabalhadoras para se contaminarem. Tudo isso com um discurso que tenta fazer a população acreditar que proteger a vida de suas famílias dentro de casa“é errado” e um “absurdo” já que causará “pane’’ na Economia e no “desenvolvimento do País”.
De forma objetiva a mensagem foi: A população “pode” ser sacrificados se for para o bem da Economia. Opinião de Roberto Justos e dos seus outros colegas de classe da burguesia e dos bancos, representada muito bem pelo discurso de Bolsonaro no dia 24 de Março(quarta-feira), ao pedir a “normalidade” e volta ao trabalho em aglomerações de call-centers, transporte público, fábricas e supermercados. Declaração essa que foi na contramão da maioria dos países no resto do Mundo que, ou já enterram seus mortos (como a Itália e a Espanha) ou prepara a população para se protegerem em casa na quarentena contra o coronavírus (como o Japão, que cancelou suas Olimpíadas). Como se já não bastasse tudo isso os grandes empresários brasileiros tiveram a coragem de sair em carreata, fazendo aglomeração de carros luxuosos, para pedir o fim da quarentena e volta ao trabalho, para os trabalhadores… não para eles.
Quem vê pensa que essa Economia tanto defendida pela burguesia estava às mil maravilhas para os trabalhadores antes do Coronavírus (COVID-19) aparecer. Esta sempre foi uma Economia boa para a própria burguesia…e não para nós, população…como sempre foi a Economia Capitalista. Para os trabalhadores essa Economia de Morte, onde boa parte do País não tem uma casa pra morar, saneamento básico, educação de qualidade para os filhos.É um absurdo a Burguesia e os Banqueiros, por meio do Governo de Bolsonaro, quererem nos fazer achar boa uma Economia que só é beneficia para 1% dos mais ricos do País com nossos impostos e nosso trabalho , da mesma forma que é um absurdo em sua declaração, Bolsonaro achar normal a morte de uns 5 ou 7 mil pessoas para o Coronavírus.
Se acostumar com esses absurdos, não se pôr no lugar do outro, naturalizar a morte e o sofrimento diário da população, pensar em si próprio, são valores que a burguesia é especialista e contamina diariamente boa parte da população. Faltar itens essenciais como álcool em gel e mascaras, como se o Brasil não tivesse máquinas e indústria capazes de produzir para todas as pessoas necessitadas, é uma prova de que, mesmo numa crise humanitária, os grandes empresários farão o máximo dinheiro de nosso desespero e do nosso sofrimento. Além de cobrar caro no pouco que sobra. Muita gente de maior renda compra mais mercadorias do que precisa e ajuda, mesmo que inconscientemente, os grande capitalistas que não estão preocupados com as famílias de baixa renda não conseguirem comprarem artigos de proteção de limpeza, de alimentos e de higiene pessoal. Entretanto, já começam acontecer saques de supermercados mostrando que o Povo não está disposto a ver sua família morrendo de fome.
Tão graves quanto os problemas de falta de respiradores e falta de leitos na UTI na rede do SUS (por incompetência de Bolsoraro, e que vamos enfrentar no mês de Abril) são os 12 milhões no desemprego, 7 milhões de famílias sem casa, juventude pobre e negra morta pela PM ou presa na terceira maior população carcerária do Mundo. Situação esta que agrava ainda miais a situação dos mais pobres frente a esse vírus, e por isso, precisam ainda mais da nossa solidariedade.
Entretanto, de forma mais mascarada que Bolsonaro, a burguesia e sua Grande Mídia (Globo, Record, SBT e Band) vem trabalhando ao longo da história do País para diminuir a sensibilidade na população ao não mostrar as causas dos problemas que afetam nosso Povo. Ano após anos acharmos estes problemas sociais normais, difundindo entre nós seu discurso, de que famílias moram em ocupação, favelas e barrancos “porque querem e estão satisfeitas.”
Nos enganam ao falar que piores condições do trabalho e baixos salários é algo normal já que essas pessoas “não quiseram” estudar pra ter um futuro melhor que ganhe um melhor salário. Insinuam que milhares de trabalhadores ficarem desempregados é questão de escolha, que a violência e morte de milhares de mulheres todos os anos é porque ela “queria isso senão não estava com ele”.
Fazem isso dia e noite sem descanso, emitindo opiniões até chegar a dois pontos de tornar a audiência insensível sem se pôr no lugar do outro, ou, o que é mais comum, pelo fato que grande parte do Povo ser solidário, pessoas conseguem se colocar no lugar do próximo, mas baixam a cabeça sem esperança, frente a tanta tragédia que a Grande Mídia dos ricos como se não tivesse solução Diferente é o ânimo dessa mesma Grande Mídia na hora de fazer a opinião aprovar medidas que vão piorar ainda mais a vida dos pobres pra que a riqueza e herança dos ricos não seja tocada nos momentos de Crise do Capitalismo.
Não é a toa que colocava Economistas pra fazer a opinião pública e “salvar a Economia” com a aprovação das Reformas Trabalhistas, a PEC-95 no Governo Temer e a Reforma da Previdência no Governo Bolsonaro. Uma grande mentira. Não salvou a Economia, mas causou muitas mortes de brasileiros desses últimos anos pra cá.
Proteger as nossas vidas e de nossas famílias é se voltar contra tudo o que nos faça insensíveis aos sofrimento do nosso Povo, da mesma forma que a população ficou horrorizada ao Bolsonaro declarar que a morte da população não é grave se for pra defender essa Economia. A contaminação pelo COVID-19 não está longe de pode ser um de nós e nossas famílias, mas o desemprego, a falta de moradia, a depressão, fome e outros tipos de doenças também não. O que essas situações tem em comum: Piorar a vida do Povo em troca da Economia boa para os ricos brasileiros e internacionais. Pra isso é essencial que você não se veja no outro. Não ver o seu parente no parente de outra pessoa que morreu por não ter respirador ou vaga pra ser atendido na UTI do SUS, ou sua mãe naquela mãe diabética no grupo de risco. Não ver o seu irmão naquele muleque triste, por perder a mercadoria na informalidade, e que não sabe porque tanta gente batalhadora com disposição pra trabalhar não consegue trabalho.
Antes de defender que milhões de pessoas se arrisquem a ficar doente pra rodar a Economia, se pergunte, que Economia que é tão boa e não pode parar mas não proporciona o básico para o próprio Povo? É a que me dá um salario que eu posso fazer planos sem me preocupar se vai faltar para a comida ou aluguel no final do mês?
Que Economia é essa que eu vejo gente defendendo nas discussões o fim da quarentena? É a que toda a população ativa está empregada com um salário mínimo de R$4.342,00? Não, a Economia “maravilhosa” que Bolsonaro implora não parar é a que o segundo homem mais rico do Brasil perde em um dia mais de 4 bilhões de reais e continua sendo uns dos homens mais ricos do Brasil enquanto na mesma cidade um pai de família clama por não saber se vai ter leite pra suas filhas.
A sociedade que precisamos construir é uma sociedade que construa sua economia baseada na vida e na boa saúde do nosso Povo e não na sua morte. Essa Economia vira da Solidariedade que só o Socialismo pode nos dar.