Como proposta ao Diretório Nacional do partido, os militantes da Unidade Popular da cidade de Mauá, no ABC Paulista, decidiram indicar Amanda Bispo, como pré-candidata à prefeitura. Amanda é coordenadora da Casa de Referência para Mulher Helenira Preta e do Movimento de Mulheres Olga Benário. Nascida e criada no ABC Paulista, de uma família vinda da Bahia para São Paulo, é estudante de Engenharia, formada em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC e trabalha há 5 anos em indústrias automobilísticas da região.
Por Queops Damasceno
A VERDADE: Como está atualmente o processo de construção da UP?
AMANDA: A Unidade Popular pelo Socialismo existe na cidade de Mauá desde o início do processo de coleta de assinaturas para legalização do nosso partido. Hoje, nossos movimentos sociais, nossas lutas e a organização da UP crescem cada vez mais. Desde de que obtivemos a legalização do partido e começamos as atividades de divulgação dessa alternativa política para o povo, as fileiras da UP no município de Mauá ganham apoio e crescem. Nossos trabalhos estão distribuídos entre coletivos dentro dos bairros da cidade, voltados para questões das mulheres, da saúde, da educação, da juventude e, especialmente, para a luta da cultura.
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A VERDADE: Em quais lutas a UP está mais diretamente envolvida nesse momento?
AMANDA: A UP em Mauá está muito voltada à luta contra a realidade de violência e de opressão que as mulheres vivem em nossa sociedade. A Unidade Popular nasce da união e da luta concreta de muitos movimentos sociais e o Movimento de Mulheres Olga Benário é um deles. O Olga Benário em Mauá constrói um forte trabalho pelos direitos das mulheres, principalmente através da organização da Casa de Referência para Mulher Helenira Preta que acolhe vítimas de violência, encaminha para serviços especializados e promove formação de diversos tipos para essas mulheres. Outra luta importante é a pelo direito a creches de qualidade que contemplem as necessidades das mulheres.
A luta na cidade também está fortemente ligada à questão da cultura. Uma característica de Mauá é a ligação da juventude com a música, a dança e o teatro através de coletivos de resistência que valorizam a produção local. Muitos membros desses coletivos decidiram fazer parte e construir a Unidade Popular pelo Socialismo na cidade.
Para o estado de São Paulo, a UP apresenta um programa radicalmente contrário ao que, hoje, é implementado pelo governo Dória. Sabemos que o neoliberalismo e a privatização dos serviços públicos não são o caminho para melhorar a vida dos mais pobres. Muito menos a militarização das escolas. Ao contrário, defendemos mais investimento do Estado nas áreas sociais, mais verba para a educação, saúde e moradia. Aumento imediato dos salários dos professores, garantia de subsídio para apoiar o SUS e disponibilizar, com maior facilidade, medicamentos e exames para os trabalhadores que não podem pagar por um plano de saúde. O investimento no combate às enchentes e desmoronamentos, bem como programas habitacionais que garantam moradia digna para todos, serão prioridade da Unidade Popular.
A segurança pública será assegurada na medida em que sejam gerados empregos para a juventude, isto é, está diretamente relacionada ao processo de reindustrialização do ABC e de garantia de todos os direitos sociais. Não aceitamos a privatização dos presídios proposta por Dória e não acreditamos que só com mais polícia seja possível combater a violência e o crime organizado.
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A VERDADE: O que a UP defende para sua cidade?
AMANDA: O que o povo de Mauá precisa é de mais acesso e melhorias com relação ao transporte público da cidade, que possui preços caríssimos e a qualidade só vem diminuindo nos últimos períodos, com a retirada do cobradores de dentro dos ônibus, por exemplo. A estatização das empresas de transporte municipais é capaz de proporcionar um transporte público de qualidade.
O saneamento básico da cidade é privatizado, o que faz com que tenha taxas abusivas e não atenda à real demanda da população. Saneamento é uma questão de saúde pública, por isso é necessário ampliá-lo para toda a cidade e acabar com os preços abusivos e com o lucro acima da vida das pessoas.
Assim como outras cidades do ABC Paulista, Mauá vive um processo de desindustrialização, com o fechamento de grandes empresas, deixando, assim, muitos desempregados. O que precisamos na nossa cidade é de mais investimentos nas indústrias, a construção de um forte parque industrial; investimentos no desenvolvimento de ciência e tecnologia; entre outros.
Apenas uma política verdadeiramente popular é capaz de entender as demandas e defender as necessidades da maior parte da população. Mas a atual gestão e os partidos que a compõem deixam claro que não farão essa transformação de forma voluntária, por isso, a organização do povo pobre para pressionar, cobrar as autoridades e disputar os espaços de poder é fundamental para a resolução dos problemas da cidade.
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A VERDADE: Como a UP chegou ao seu nome como pré-candidata?
AMANDA: O trabalho que construímos com a Casa de Referência para Mulher Helenira Preta e as lutas do Movimento de Mulheres Olga Benário na cidade de Mauá transformam a vida de mais mulheres do que as ações da prefeitura.
O governo do município se mantém omisso frente à violência e ao abuso contra essa parcela da população. Enquanto os casos de feminicídio crescem em nossa região, a Secretaria de Mulheres está abandonada e a única política para as mulheres na cidade é a Delegacia da Mulher. Não existem casas de passagem, casas abrigo ou centros de referência públicos que possam auxiliar e dar tratamento às vítimas de violência. As mulheres mães ainda vivem com a falta de creches para seus filhos. Aquelas que conseguem uma vaga precisam lidar com um horário reduzido de permanência da criança na creche, não sendo possível que mães possam trabalhar.
Frente à atuação no trabalho de luta pela vida das mulheres em Mauá, meu nome foi proposto como pré-candidata para a prefeitura da cidade.
A VERDADE: Por fim, o que mais você gostaria de falar para os nosso leitores?
AMANDA: A Unidade Popular pelo Socialismo está surgindo como uma alternativa real para realidade de opressão e miséria que o povo vem vivendo. Em Mauá, não podemos mais aceitar políticos envolvidos em casos de corrupção, que vendam os interesses do povo para se enriquecer e defendam, no governo, os interesses da burguesia da nossa região e do nosso país. Só o poder popular é realmente capaz de resolver o problema das mulheres, das mães, das trabalhadoras e dos trabalhadores, das negras e negros de nossa cidade, quando estas pessoas ocuparem o poder. Vamos à luta pelo poder popular, pelo socialismo! É pela vida mulheres!