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quarta-feira, 1 de maio de 2024

A situação dos trabalhadores de call centers em São Caetano

Heloísa Araújo,
Militante da Unidade Popular pelo Socialismo – ABC Paulista


Foto: Reprodução

SÃO PAULO – No dia 24 de abril, a prefeitura de São Caetano do Sul lançou um comunicado anunciando que as empresas de call center agora se caracterizavam como serviço essencial em meio à pandemia. Declarou ainda que funcionários com mais de 60 anos, problemas respiratórios e que se enquadraram no grupo de risco teriam seus direitos assegurados para que pudessem trabalhar de casa, além de garantir a fiscalização sobre essas empresas para certificar que estariam cumprindo as normas de higienização.

Antes mesmo deste comunicado ser repassado, já haviam relatos de funcionários das empresas de call center Exito Brasil e Atento, ambas localizadas em São Caetano do Sul, que alegavam estar sendo submetidos, em plena crise pandêmica, a condições inaceitáveis de trabalho e expostos a grandes riscos de contágio e propagação da doença, visto que as duas empresas possuem funcionários de diversas zonas da grande São Paulo. 

Segundo relato de um trabalhador da empresa Atento que não quis se identificar, a empresa não se garantiu a possibilidade de trabalho remoto aos funcionários que faziam parte de algum dos grupos de risco, assim como a Êxito Brasil. Ambas as empresas continuam em funcionamento normal.

Um funcionário da Êxito, que também não quis ser identificado, nos relatou que a empresa passou um questionário online, onde os empregados deveriam responder se possuíam ou não notebooks ou computadores para que pudessem exercer suas funções de casa. Segundo o funcionário, após receber as respostas, a empresa ficou fechada por um período contendo 50 funcionários em plena atividade. Além disso, com o relato de muitos funcionários que encontraram problemas para exercer suas atividades em casa, sem prestar qualquer auxílio, a empresa decretou que os trabalhadores deveriam retomar suas funções presencialmente.

Um funcionário da Atento revelou como têm sido as condições de trabalho na empresa:

“No refeitório, as mesas que possuem quatro cadeiras, por exemplo, estão interditadas com fitas, onde na teoria só seria possível sentar um funcionário por mesa. Sabe o que ocorre? Os funcionários estão sendo obrigados a comer em pé! Com a falta de mesas e cadeiras, as refeições estão sendo realizadas em pé.  Tem álcool em gel por todo lugar, mas não tem humanidade, nem ao menos para a refeição. Estamos sendo humilhados, condenados a passar por situações constrangedoras. Estamos sendo cobrados três vezes mais do que já éramos, e não estamos tendo suporte algum. A pressão psicológica aumenta e estamos sobrecarregados, mas precisamos do emprego então seguimos humilhados, porém empregados.”

Os relatos dos trabalhadores frisam a necessidade do trabalho em casa. Os funcionários estão sendo expostos a grandes riscos de saúde, tanto para si, quanto para seus familiares, amigos, e quaisquer pessoas que tenham contato com eles. 

As empresas de call center realmente são um ramo essencial? E se são, não é uma função que pode ser exercida em casa? 

As empresas, visando manter seus lucros, acabam por minimizar e colocar em risco a vida dos trabalhadores, que na realidade deveriam estar em casa, seguindo as orientações médicas da OMS e afins, recebendo seus salários e tendo a garantia de permanecerem seguros e com uma boa qualidade de vida durante esse período de isolamento.

Então a pergunta que fica é: por que o governo não toma as medidas necessárias para a segurança e saúde da população?

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