UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Estudantes organizam campanha pelo adiamento do Enem

 

Caio Sad, Coordenador Geral da Fenet

Estudantes de todo o país começaram a se mobilizar numa campanha nas redes pelo adiamento do Enem. Com o #AdiaEnem e de abaixo-assinados, milhares de estudantes vêm mostrando sua indignação frente a este governo, que não respeita a nossa opinião. A mobilização dos estudantes já trouxe vitórias: no dia 17 de abril, a Justiça determinou o adiamento do Enem, tendo como primeira medida a prorrogação do prazo de solicitação de isenção.

Em função da pandemia do novo coronavírus, escolas e universidades de todo o país suspenderam suas aulas presenciais como medida preventiva. Também houve diminuição do transporte público, entre outras medidas. Em declaração no dia 24 de março, a Unesco apresentou que cerca de 80% dos estudantes do mundo estavam com as aulas paralisadas.

O Ministério da Saúde estima que encerraremos o período de quarentena por volta dos meses de agosto ou setembro. É, porém, impossível determinar com exatidão quando o isolamento será encerrado e as escolas reabertas.

Com a impossibilidade de aulas presenciais, surgem propostas de implementação de aulas por meio de tecnologias da informação para garantir a manutenção do calendário acadêmico. O problema é o abismo da desigualdade social em nosso país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) 2017, apenas 44% dos domicílios brasileiros possuem microcomputador e cerca de 25% dos lares brasileiros não têm acesso à internet. Desta forma, a manutenção do calendário letivo com a realização de atividades à distância, principalmente online, representa a exclusão de milhões de estudantes brasileiros.

Ignorando completamente esta situação, o Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), lançou o edital para realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Aas inscrições para o exame se iniciarão no dia 11 de maio, encerrando-se no dia 22 do mesmo mês, sendo as provas aplicadas nos dias 11 e 18 de novembro (Enem digital) e 01 e 08 de novembro (prova impressa).

Na última edição, em 2019, cinco milhões de pessoas se inscreveram para fazer o Enem e tentar uma vaga no ensino superior. Destes, compareceram aos locais de prova quase quatro milhões.

Nesse sentido, a manutenção do edital nos seus atuais termos tem duas consequências. A primeira é a desobediência às orientações mais básicas de isolamento social, como recomendadas pela OMS, Ministério da Saúde e demais órgãos especializados.

A segunda é aprofundar a já gigantesca desigualdade no acesso ao ensino superior, dificultando ainda mais o acesso às populações historicamente marginalizadas, que sequer poderão manter suas rotinas de estudo, como anteriormente afirmado.

O número de vagas nas universidades públicas disponibilizadas pelo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2020 se limitou a pouco mais de 237 mil. Ou seja, menos de 5% dos candidatos conseguirão uma vaga. Segundo dados do IBGE, em 2018, apenas 16,5% das pessoas de 25 anos ou mais tinham ensino superior completo. Outro dado do IBGE aponta que o Brasil tem uma população de mais de 50 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos, porém, de acordo com o MEC, há pouco mais de oito milhões de matrículas em universidades públicas e privadas (é importante ressaltar que este número inclui também pessoas que não são jovens).

Mas sabemos que não podemos confiar neste governo, que desrespeita a Justiça e, a todo o momento, demonstra seu caráter de inimigo dos estudantes e da educação pública brasileira. Devemos seguir mobilizados, atentos às orientações das autoridades sanitárias e fazendo uma grande campanha pelo adiamento do Enem. Mais ainda, precisamos reforçar as palavras de ordem “Fora Weintraub! Fora Bolsonaro! Por um governo popular!”.

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes