Denise Maia
RIO DE JANEIRO – A humanidade passa por uma transformação social, moral e econômica imposta pelo modo de produção mesquinho e individualista que é o capitalismo. Devemos considerar que o coronavírus foi germinado na destruição da natureza, na ganância de poder e lucro e nas mãos infectadas dos bilionários. Mas a população pobre do mundo, contrapondo-se a essa miséria moral, tem demonstrado solidariedade, compaixão e otimismo em várias manifestações de carinho, atenção e amor ao próximo.
Nesse período de pandemia, observamos que a maioria do povo atua na contramão da ganância, do egoísmo, da intolerância, com sua solidariedade, paciência e abnegação. Podemos citar os motobóis, que compram alimentos para os idosos em quarentena; os vizinhos mais jovens que se dispõem a ir ao mercado e à farmácia para os mais idosos; os movimentos sociais, como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que organizam cestas básicas e outros recursos materiais para atender os trabalhadores informais e as diaristas que estão sem renda com o isolamento social.
A dialética está presente nas relações sociais e no desenvolvimento da história da humanidade. Agora, ela pulsa. Se, de um lado, os ricos destroem a natureza, exploram a força de trabalho e eliminam vidas com malevolência, em momentos de crise aguda entre a vida e a morte, o povo pobre congrega, esfrangalha-se em socorrer os mais necessitados, combatendo a cobiça, enfrentando com garra os assassinos da classe trabalhadora. Sendo assim, a história, quando é analisada como algo em movimento, torna-se transitória, pois pode ser transformada pelas ações humanas.
Os afetos corporais, como o beijo, o abraço ou um aperto de mão, estão suspensos para evitar o contato com o vírus. Porém, o olhar e o sorriso encurtam os espaços vazios nos momentos de solidão. Um telefonema para saber do amigo, do parente próximo ou distante, expande na alma os hormônios do prazer. Também vale utilizar uma chamada de vídeo para dar um pouco do conforto da proximidade.
O coronavírus será eliminado por atitudes que favoreçam o esforço coletivo. Os valores mais nobres da humanidade, como o amor, o afeto e a amizade se sobreporem ao individualismo, à ganância e ao egoísmo.