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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Corruptos se aproveitam da pandemia para enriquecer

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Foto: Reprodução
UNIDOS PELO DINHEIRO. Pastor Valdomiro e Bolsonaro se aproveitam da pandemia para lucrar. (Foto: Reprodução)

Por Sandino Patriota
São Paulo

BRASIL – Desde o mês de março o Brasil vive em situação de calamidade pública, de aumento das mortes e de lotação nos hospitais em função da transmissão comunitária da Covid-19 em quase todos os estados do país. Mesmo essa situação, no entanto, não foi suficiente para deter a ação de corruptos de dentro e de fora dos cargos públicos, que se aproveitam da difícil situação da maioria do povo para enriquecer.

A atitude corrupta e de mal uso do dinheiro público começa a partir do próprio Governo Federal, comandado pelo capitão Jair Bolsonaro. Em função da falta de planejamento e da atitude leniente do governo, mais de 15 mil respiradores comprados na Ásia não chegarão ao Brasil para atender os doentes. No início de maio, então, o governo reorientou a ação para produzir respiradores aqui no Brasil, sem licitação, gastando R$ 658 milhões. 2.240 respiradores deveriam ter sido entregues em abril, mas apenas 495 foram efetivamente para os estados.

Enquanto isso, o grande foco do presidente é operar um novo acordo político com o grupo parlamentar informal conhecido como Centrão e formado pelos partidos mais fisiológicos do Congresso Nacional. Um dos líderes desse grupo é o famoso corrupto Roberto Jefferson, presidente do Partido Trabalhista do Brasil (PTB), conhecido nacionalmente por defender o ex-presidente Fernando Collor do impeachment e delatar o esquema de compra de votos de deputados durante o governo Lula, sendo ele próprio um dos membros daquela quadrilha. Recebendo sua parte, Jefferson se tornou o principal defensor do governo Bolsonaro nas redes sociais.

Para 2020, está previsto que os políticos do centrão comandem um orçamento de R$ 76,5 bilhões cedido pelo governo Bolsonaro. Eles ocuparão cargos que realizam obras, licitações e contratações onde a corrupção é mais dificilmente rastreável, como é o caso do Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS) e a Secretaria de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Farra com o dinheiro público

A pandemia e as mortes de mais de 11 mil brasileiros não sensibilizaram Bolsonaro nem a diminuir os gastos com seu cartão corporativo, dinheiro que poderia ir diretamente para a saúde pública. De acordo com os dados do Portal da Transparência, Bolsonaro gastou em dinheiro público através do seu cartão, em média, R$ 709,6 mil por mês, valor 60% maior do que os gastos de Michel Temer (MDB) e 6% maior do que ocorreu no governo Dilma.

Este exemplo do Governo Federal se repete em muitos estados e municípios. Muitas são as denúncias de mau uso do dinheiro público e enriquecimento ilícito através de compras sem licitações e no processo de construção e gestão terceirizada dos hospitais de campanha.

No dia 7 de maio, o ex-subsecretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Gabriel Neves, foi preso junto com outros integrantes de sua quadrilha, suspeitos de pagarem quase R$ 68 milhões por respiradores da empresa Arc Fontoura Indústria e Comércio que nunca foram entregues.

Na prefeitura da cidade de Mauá, região do ABC paulista, o Ministério Público estadual abriu inquérito para apurar os pagamentos na construção do hospital de campanha autorizados pelo prefeito Átila Jacomussi (PSB), o mesmo que passou boa parte deste ano na prisão do Tremembé, acusado de corrupção. O hospital, que teve o custo de R$ 665 mil, atenderá apenas 30 pessoas. Esse é o dobro do valor do hospital de campanha da cidade vizinha, Santo André, para atender menos da metade de pacientes.

O mercado da fé como corrupção

O Ministério Público Federal também abriu inquérito para investigar a Igreja Mundial do Poder de Deus e seu representante, o autointitulado Apóstolo Valdomiro Santiago, dono de uma fortuna de 220 milhões de dólares, segundo a revista Forbes. Durante a pandemia, Valdomiro anunciou através de vídeos a venda de uma semente milagrosa de feijão, capaz de curar a Covid-19, por mil reais.

Segundo o procurador federal Wellington Cabral Saraiva, “está claro” no vídeo que o pastor “usa de influência religiosa e da mística da religião para obter vantagem pessoal, induzindo a vítima ao erro”.

O pastor não usa as palavras venda ou pagamento, mas fala uma palavra-código, como é típico em quadrilhas, “propósito”. As vítimas não fariam pagamentos, mas “propósitos”. O estelionato, no entanto, está claro: os fiéis devem pagar valores predeterminados para obter os tais “feijões mágicos”.

Denunciar os aproveitadores e corruptos neste período de pandemia é uma tarefa que não podemos nos furtar em cumprir. Não se trata de uma propaganda moralista, afastada da denúncia geral do sistema. Trata-se exatamente de denunciar que a ganância e a acumulação, próprias do fundamento desse sistema econômico, não respeitam as leis e nem mesmo a morte de milhares de pessoas.

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