A luta pela redução das mensalidades na pandemia

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MENSALIDADES ALTAS – Em todo o país, diversos alunos de universidades particulares denunciam as taxas mensais abusivas sob um regimento de educação à distância ou remoto. (Foto: Jornal A Verdade)

Gabriel Silva

BELO HORIZONTE (MG) – Diante da pandemia de Covid-19, diversas universidades particulares suspenderam as atividades presenciais acertadamente e adotaram um regime de aulas à distância (EaD). Apesar disso, essa suspensão não veio acompanhada da diminuição das mensalidades. Com isso, diversos estudantes militantes do Movimento Correnteza se organizaram e iniciaram a luta pela redução das mensalidades.

Um passo inicial e de extrema importância foi a criação e divulgação de abaixo-assinados, aos quais milhares de alunos assinaram, demonstrando assim a revolta dos mesmos e marcando o início dessa pauta estudantil. No estado de Minas Gerais, a Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG) conseguiu o apoio de mais de 15 mil estudantes e juntamente com outras faculdades privadas do estado o número de assinaturas ultrapassou 30 mil.A pressão dos alunos foi forte e, como de costume, as faculdades privadas controladas por grupos empresariais que visam apenas o lucro, não deram atenção a demanda dos estudantes e recusaram-se a dialogar com o corpo discente. É imprescindível, que todos saibam os motivos pelo qual os estudantes pedem a redução das mensalidades. O COVID-19 e as políticas deste governo fascista já mataram mais de 30 mil pessoas, além de deixar milhares de família sem renda com a crescente do desemprego.

Segundo dados do Mapa do Ensino Superior de 2018, a evasão nas faculdades privadas chega a 30% juntando essa alta taxa em “tempos normais” e nas condições atuais esse número cresce ainda mais, os estudantes não têm renda para pagar seus estudos e estão incertos sobre a permanência em suas graduações. A defesa da vida deve estar sempre acima do lucro, em qualquer circunstância, principalmente quando se trata de educação privada em que encontramos balanços milionários como os de grupos como Estácio de Sá, Ânima, Anhanguera, Laureate e etc.

As instituições de ensino superior privado se negam a abrir suas planilhas financeiras e utilizam como desculpa para a não redução das mensalidades o risco de demissão de funcionários e professores. No entanto, sabemos que os gastos das aulas presenciais são maiores do que os gastos com aulas remotas e o valor da mensalidade integral aumenta ainda mais o lucro desses grupos, evidenciando que a prioridade dos capitalistas é e sempre vai ser o lucro.

Para finalizar, a adoção dos regimes remotos, em sua maioria, não foi debatida com os estudantes e muitos desses não possuem aparato tecnológico e um suporte adequado para assistir às aulas. Todas as faculdades deveriam ter como primazia a educação.

As conquistas do movimento estudantil foram marcadas historicamente por muita luta e pressão popular. Tendo em vista, que a redução das mensalidades confronta diretamente os interesses dos capitalistas, a mobilização, o ânimo e o vigor em torno dessa pauta têm que ser cada vez maior. A pandemia continua, as aulas remotas também, as mensalidades para muitas faculdades privadas continuam as mesmas e isso só nos traz uma certeza: a luta não acabou.