Por Leonardo de Carvalho*
OPINIÃO – O Rio Grande Do Sul está com as aulas das escolas da rede estadual suspensas oficialmente desde o dia 19 de março, devido à pandemia do coronavírus que chegara ao estado. No dia 27 de maio o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou através de uma transmissão ao vivo que a volta às aulas será em etapas graduais, voltando aos poucos e não de forma geral.
As etapas vão desde a volta das “férias”, que foram antecipadas por causa da pandemia, para a volta do ensino remoto extremamente precário, ineficiente (que por si só precisa de outra matéria para explicar os porquês); seguido das aulas práticas essenciais para conclusão de curso no Ensino Superior, pós-graduações e técnicos, além de profissionalizantes, de idiomas, artes e similares; da volta às aulas presenciais de forma dividida, começando, possivelmente, pela Educação Infantil, primeiros anos do Fundamental e o terceiro do Ensino Médio. O governo do estado quer a retomada de 100% das aulas até setembro.
Porém como será que o governador do estado prevê que até setembro a pandemia estará controlada no estado? As recomendações da OMS para suspender restrições sociais são: A transmissão da doença estar sob controle; os sistemas de saúde serem capazes de “detectar, testar, isolar e tratar todos os casos e rastrear todos os contatos”; os riscos de aumento serem minimizados em locais vulneráveis, como casas de repouso; escolas, locais de trabalho e outros locais essenciais estabeleceram medidas preventivas; o risco de importar novos casos “poder ser gerenciado”; as comunidades estarem totalmente educadas, engajadas e capacitadas para viver sob um novo normal.
A volta às aulas significa parte da estratégia de Eduardo Leite para comprovar que o Rio Grande Do Sul está superando a pandemia e tudo pode voltar “ao normal”. Entretanto essa não é a realidade. Hoje o Rio Grande do Sul vive um aumento de casos, isso porque o governo do estado vem tomando medidas que flexibilizam o isolamento social. Eduardo Leite tenta, de forma hipócrita, criar um cenário de diferenciação e rompimento com a política fascista, extremamente anti-saúde e contra o isolamento social de Jair Bolsonaro, que já propôs em um de seus pronunciamentos a volta das aulas nas instituições de educação e o retorno das atividades econômicas.
Na verdade ambos possuem o mesmo interesse, de manter o lucro dos grandes empresários que pressionam para que os governos liberem as atividades. É verdade que Eduardo Leite não é igual a Bolsonaro, que quer aplicar um golpe e implantar uma ditadura fascista no Brasil. Mas também, é verdade que a política neoliberal adotada pelo seu governo no estado ataca e submete a um maior risco de contágio ao novo coronavírus os trabalhadores e aos mais pobres. Assim, é necessário que o governo do estado mude sua política para parar o coronavírus.
É necessário que se suspenda o calendário do ano letivo de todas as instituições de ensino de educação presencial por tempo indeterminado e que se pense em volta às aulas, retorno e organização dos calendários de recuperação junto com os estudantes, professores e a comunidade em geral depois do fim da pandemia, e não de maneira unilateral durante sua fase ascendente. A volta as aulas seja de forma gradual ou imediatamente, significa o aumento das mortes e dos casos de coronavírus. Só os estudantes e os trabalhadores organizados poderão mudar essa realidade no nosso estado.
*Militante da UJR no Rio Grande do Sul
Diretor Regional Sul da FENET