Professor é afastado do colégio militar de Brasília após denunciar Polícia Militar

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CENSURA – Professor foi censurado a partir de afastamento de colégio militar após denunciar a violência da repressão policial contra os(as) trabalhadores(as) brasileiros. (Foto: Reprodução)
Matheus Felipe e Maysa Ferreira

BRASÍLIA – Um professor de geografia do Colégio Militar de Brasília foi afastado da atividade docente após criticar as medidas da polícia militar nas manifestações contra o fascismo do governo de Jair Bolsonaro no dia 31 de maio em São Paulo. Em sua aula, o professor apresenta elementos do período histórico obscuro que estamos vivendo, e como exemplo expõe o falso patriotismo de uma das apoiadoras do presidente, que carregava uma bandeira do Brasil e um taco de baseball, e que foi prontamente acolhida pela polícia, ao mesmo tempo em que os manifestantes antifascistas e pró-democracia eram tratados com violência, bombas e balas de borracha. A crítica à diferença de tratamento da polícia lhe rendeu, além do afastamento, a abertura de um processo administrativo por parte da instituição contra o professor.

A postura da instituição reflete claramente a metodologia de tratamento reservada pelo governo Bolsonaro aos que ousam criticar ou questionar suas políticas repressivas inspiradas na ditadura militar assassina que teve início em 1964 e ainda não teve seus crimes elucidados e uma punição exemplar aos torturadores e colaboradores que atuaram no período. É inadmissível que o professor tenha sua liberdade de docência invadida e seja publicamente constrangido por estimular o pensamento crítico de seus alunos e exaltar os valores democráticos em sala de aula.

Ao afastar um professor que critica o fascismo sem justificativa, o Colégio Militar de Brasília abre espaço para a reafirmação dessa ideologia. Não foi emitida e nem há justificativa alguma para o afastamento do professor por parte da instituição e isso deixa clara a coerção ideológica a qual o docente foi submetido. A mesma instituição que recebeu diversas acusações de alunos nas redes sociais relatando abusos sexuais por parte de professores, parece não ter o mesmo rigor de tratamento contra essas atitudes.

É preciso que se cobre uma resposta do Governo do Distrito Federal, pois não há espaço para a omissão ou posturas ambíguas perante o fascismo. Não podemos esquecer que o governo Bolsonaro é responsável por distorcer e criminalizar a liberdade de expressão, colocando o discurso de ódio e as fake news como liberdade de expressão e as falas em defesa da democracia como “ideológicas”, virando o bom senso de cabeça para baixo e reforçando a verdade da afirmação do professor afastado.