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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Sérgio Camargo faz apagamento histórico na Fundação Palmares

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MANIFESTAÇÃO – Trabalhadores e trabalhadoras constroem manifestação em defesa da memória do povo negro e da resistência contra a escravidão. (Foto: Reprodução)
Gabriel Borges

SÃO PAULO – Justamente no momento em que o movimento negro antifascista no Brasil e no mundo vem sendo vanguarda de manifestações antirracistas, inclusive questionando os monumentos de escravizadores e traficantes de escravos, a Fundação Palmares, presidida pelo fascista Sérgio Camargo, decide censurar e apagar do seu site, a biografia de pessoas importantíssimas na história do povo negro no Brasil, como Zumbi dos Palmares, Luís Gama e Carolina Maria de Jesus.

Escolhido a dedo por Bolsonaro, Sérgio Camargo, vem demonstrando ser mais um inimigo da luta do povo negro dentro de uma instituição pública de extrema importância como é a Fundação Palmares. Desde que assumiu a presidência da fundação no início do ano, o fascista já tirou uma estátua de Zumbi dos Palmares da frente da sede da instituição, encomendou textos que reduzem a figura do líder de um dos maiores quilombos construídos no Brasil a uma simbologia criada pela esquerda, homenageou Princesa Isabel no dia 13 de maio e vem perseguindo funcionários e funcionárias que ainda defendem o compromisso que a Fundação firma em seu próprio site: “o combate ao racismo, a promoção da igualdade, a valorização, difusão e preservação da cultura negra”.

O passo da vez foi tirar do público o direito de conhecer a história das lideranças que levaram à cabo lutas que fizeram estremecer as bases das instituições que ajudaram a manutenção de quase 400 anos de escravidão em nosso país. Camargo, disse em gravação revelada pela imprensa recentemente que considera o movimento negro uma “escória maldita”, sabe muito bem que a luta do povo negro antifascista já é avassaladora, pois espelham em figuras como Zumbi dos Palmares, Luisa Mahim, Dandara dos Palmares, Zeferina, Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar) e Carolina Maria de Jesus, se torna imbatível.

MANIFESTAÇÃO – Movimento Negro Perifa Zumbi constrói manifestação contra o genocídio do povo negro, afinal, genocídio é a destruição de um povo e sua gens, ou seja, sua memória. (Foto: Jornal A Verdade)

Não dá para separar essas movimentações do “negacionismo” histórico perpetuado por Bolsonaro e seus lacaios desde governo. O que fica claro é que além da repressão física representada pela ações policiais nas favelas, o fascismo aqui aposta também na repressão ideológica, assaltando os arquivos e registros históricos, a memória de negros e negras revolucionários que foram abnegados na luta popular; privando o nosso povo de conhecer a sua verdadeira história. Trata-se de criar uma história sob o olhar do opressor, feita por personagens brancos, escravizadores, que não fazem parte do povo. Nessa história, o povo é pacífico e manso, e nunca se rebelam.

Essa é mais uma operação do fascismo em destruir a memória e criar um passado que é reflexo de si mesmo. Operação essa, sempre racista, elitista, excludente. O que Sérgio Camargo faz hoje na Fundação Palmares é fingir que a resistência negra no passado nunca aconteceu justamente no momento em que ela está em tão grande evidência em várias partes do mundo atualmente. Se trata de apagar a memória da resistência contra a escravização, enquanto se teme que estátuas de escravizadores sejam julgadas pelo povo e destruídas.

Atitudes como essas devem ser rechaçadas pela juventude e o nosso povo. Isso de fato é um apagamento histórico à serviço de um projeto político fascista e racista aplicado pelas classes dominantes há séculos em nosso país. Toda a solidariedade aos funcionários e funcionárias da Fundação Palmares que vêm resistindo à perseguição e à censura para manter vivo o legado dessa instituição. Se tornou insuportável para o povo hoje ter que conviver com sua história sendo negada dia a dia, por isso rechaçam os fascistas e racistas que, como cupins, tentam fazer desaparecer os registros das lutas dos trabalhadores e gritam “nenhuma página da nossa história a menos!”

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