Marc Brito, Belo Horizonte
O Diretório Municipal da Unidade Popular confirma o lançamento de Poliana Souza como pré-candidata a vereadora em Belo Horizonte
Com quase uma década de militância política, Poliana Souza é uma das maiores expressões do movimento popular mineiro. Nascida e crescida nas periferias de Belo Horizonte, Poliana cursou apenas até a oitava série em escolas públicas, enfrentando as mesmas dificuldades da maioria das mulheres da periferia: se tornou mãe aos 16 anos e precisou interromper os estudos para ajudar na criação da filha, dos irmãos e no sustento da casa. Trabalhou como vendedora de porta e porta, manicure e outros subempregos, assim como a maioria da classe trabalhadora brasileira – poucas vezes teve a oportunidade de um emprego com carteira assinada.
Sempre morou de favor ou aluguel, realizando o sonho da casa própria somente em 2012, quando participou, junto com sua mãe, padrasto, filha e irmãos da Ocupação Eliana Silva, na região do Barreiro. Na ocupação, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Poliana teve a oportunidade de se formar politicamente e, em pouco tempo, passou a coordenar a ocupação e ajudar no processo de desenvolvimento e construção do MLB na cidade.
Mesmo não tendo acesso à educação de forma integral, Poliana alfabetizou uma turma de mais de 20 educandos, todos adultos e moradores de ocupações. Desempenha um papel central na política pedagógica do MLB, que é adotada em vários espaços do movimento, inclusive nas diversas creches populares construídas pelo próprio povo em diversas ocupações.
Graças a esse trabalho coletivo, a Ocupação Eliana Silva se tornou Vila Eliana Silva, onde Poliana vive até hoje junto a mais de 300 famílias.
Cerca de 80% dos moradores e Belo Horizonte vive em ocupações e favelas. Porém, essa maioria não está representada na Câmara Municipal. Sobre isso, Poliana comenta:
“Acho que a maior importância dessa pré-candidatura é ter uma representatividade das lutas das periferias. Há muitos anos estamos fazendo um trabalho de base real nas periferias e ocupações em BH, mas, sempre quando chega o processo eleitoral, a gente sente um esvaziamento das nossas pautas. As pessoas querem se sentir representadas nas eleições. Porém, sabemos que representação não é o suficiente, é necessário que sejam representantes que vivam a realidade desses lugares! Só sabe a importância de se ter um asfalto quem acorda todo dia na poeira extrema ou na lama. Só sabe a importância de se ter água encanada, quem abre a torneira e quase sempre ela está seca. Então chegou a nossa vez de ocupar esse espaço”.