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quinta-feira, 25 de abril de 2024

A política de aulas remotas no Rio Grande do Norte

Estudante não tem acesso à internet em casa e utiliza do vizinho para assistir as aulas remotas.
Por Ezequias Rosendo
RIO GRANDE DO NORTE – A Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte (SEEC/RN), autorizou as escolas a realizarem aulas não presenciais durante o período de isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Todavia, esta decisão se mostrou precipitada e ineficaz, pois não houve nenhum diálogo com o corpo discente a procura de entender a realidade de cada estudante e buscar a opinião dos mesmos, dessa forma gerando diversos problemas no processo de aplicação das aulas e aprendizagem dos alunos.
No Brasil, quase 40% dos estudantes de escolas públicas não têm acesso a computador ou smartphone em casa, e cerca de 6,5 milhões de alunos não têm acesso a internet. Esses dados comprovam a exclusão do ensino no país, que já era um grande problema antes da pandemia e agora com os métodos de ensino a distância têm se agravado cada vez mais.
Como “resposta” a essa falta de acessibilidade por parte dos alunos sem acesso à internet ou aparelhos eletrônicos, algumas escolas decidiram atender os alunos que queiram receber pessoalmente o material didático impresso, no entanto, dessa forma os institutos têm exposto os discentes e funcionários ao coronavírus.
Os alunos portadores de deficiências também têm sido excluídos das políticas de aulas remotas, como relatou uma mãe de dois jovens autistas não-verbais: “A escola não mandou nenhuma atividade diferenciada. Só videoaulas para os que não têm deficiência. Precisamos cultivar o vínculo deles com o processo de estudar, de aprender.  Não é apenas cumprir horas ou enviar tarefas. Os conteúdos impostos não consideram, em geral, a realidade do aluno”, afirmou a mãe de um dos alunos.
Além da falta de acessibilidade por parte dos alunos; 53% dos professores também relataram que a falta de capacitação sobre o uso de computadores e internet têm dificultado a aplicação das aulas. Ora, muitos alunos têm questionado a eficiência das aulas remotas e denunciado a sobrecarga de atividades que têm sido passadas: “Além das aulas remotas serem de compreensão complexa pela falta de todo o meio comunicativo para tirar dúvidas, a qual não há substituição à presencial, por opinião pessoal, eles passam atividade por cima de atividade, quando eu entendo a primeira eles já estão na terceira’’, relato de um estudante do CEEP Extremoz.
”Para alunos que fazem cursos técnicos se torna ainda mais cansativo. É válido ressaltar que a plataforma SIGEDUC não é apta a suportar o acúmulo de alunos. O sistema cai constantemente, a plataforma de aula remota trava, poucos alunos conseguem usá-lo por falta de um bom celular ou notebook. Na nossa escola os professores passaram atividades para consultar pelo livro, no entanto, muitos alunos ainda não receberam livros por falta deles na escola meses atrás. E por aí vai!”, mais um relato de um estudante da Escola Estadual Prof. Abel Freire Coelho.
Outro grave problema vivido pelos estudantes potiguares é a falta de compreensão por parte das gestões escolares. Em uma reunião do Diretório Central dos Estudantes com o Reitor da UFRN, foi apresentada uma minuta a qual tinha como proposta a obrigatoriedade do retorno das aulas – de forma não presencial – do semestre 2020.1, juntamente a ela um manifesto o qual expressava claramente a preocupação, por parte dos estudantes, quanto a impossibilidade de inclusão de todos os alunos da universidade. Todavia, o Reitor da universidade se mostrou a todo momento a favor da consolidação das propostas apresentadas na minuta, a qual foi aprovada no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE).
Diante disso, entendemos que a Secretaria de Educação e as gestões, tanto das universidades quanto das escolas públicas, não têm interesse em debater com os estudantes e professores, e assim manter a democracia no sistema educacional brasileiro. É necessário que todos os estudantes do Rio Grande do Norte se mobilizem na luta contra a exclusão do ensino remoto.
Fontes:
Consultoria Idados (sobre os 6,5m sem acesso à internet)
TIC Educação 2019 (sobre os 40% sem acesso a computador)

 

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