Por Milena de Souza
GOIÁS – São poucos os que sabem, mas bem embaixo da terra vivem seres bem pequeninos, são eles os responsáveis pelas plantas brotarem, as flores desabrocharem e a ajudar os passarinhos a sempre achar comida. Todos os dias eles acordam bem cedo para fazer o galo cantar e vão dormir bem tarde vigiando o formato das constelações. Esse povo é hoje livre, pois sabe sua importância e trabalha pela recompensa de ter onde morar, sempre ter o que comer e poder colocar a mão em todos os livros que puder ler, mas nem sempre foi assim.
Há não muito tempo atrás os pequeninos morriam de fome aos montes, adoeciam e não tinham remédio e nem mesmo onde morar porque os gigantes que moravam em um enorme castelo de ouro convenceram eles de que por seu tamanho discreto não tinham importância alguma e que a grande lei da natureza era que os grandes comandavam e os pequenos obedeciam e que sempre havia sido desse jeito.
Um dia, no entanto, um dos pequenos já exausto de trabalhar e não ter nem comida o bastante se encostou na parede do enorme castelo de ouro para tentar recuperar as forças e reparou que aquelas paredes eram feitas de pedrinhas de ouro bem pequenas, que um gigante jamais conseguiria carregar, mas que eram do tamanho perfeito para que ele manuseasse.
Observando então ao seu redor percebeu que nada ali era feito pelos gigantes, que sozinhos não conseguiriam ao menos sobreviver. De noite juntou todo o seu povo em uma grande reunião e contou a eles o que havia descoberto. No dia seguinte todos eles se recusaram a servir aos gigantes, e no outro dia, e no outro dia, e se organizaram durante esse tempo.
Então no quarto dia enquanto os gigantes já fracos de fome dormiam os pequenos os amarraram com cipós de árvores e plantaram várias árvores para que ficassem pesados e não pudessem fugir e então ao amanhecer os gigantes haviam se tornado grandes montanhas eternamente adormecidas, e os pequeninos, livres, puderam trabalhar em paz e viver felizes cuidando da natureza.