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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Comunidade luta por libertação de Sinha

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MANIFESTAÇÃO – Comunidade exige liberdade para Sinha. (Foto: Jornal A Verdade)
Felipe Annunziata

RIO DE JANEIRO – Desde maio, a comunidade do Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro, vem se mobilizando contra uma grande injustiça cometida pela polícia e o Judiciário. No dia 12 de maio, o trabalhador negro Wilton Oliveira Costa, conhecido como Sinha, foi preso no seu local de trabalho, o Hospital Federal do Andaraí, acusado de ter roubado uma moto em fevereiro, no mesmo horário e dia em que ele estava trabalhando. Sinha foi levado para o presídio Ary Franco, conhecido como um dos piores presídios da capital.

A partir daí, começou uma luta que ainda não terminou. Sua esposa, Marcele Oliveira, lideranças comunitárias e todo o povo do complexo começaram a se mobilizar contra mais uma injustiça cometida por conta do racismo institucionalizado no Judiciário. A campanha #SinhaLivre se desenvolveu durante todo o mês junho pelas redes sociais e contou com importante apoio da Unidade Popular (UP) e de vários movimentos sociais. Um abaixo-assinado na internet foi iniciado e os advogados recorreram à Justiça para conseguir a libertação do trabalhador.

No entanto, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, no último dia 23 de junho, negou a liberdade para Sinha. No mesmo dia, centenas de moradores se reuniram numa passeata próximo ao Morro do Encontro para denunciar essa injustiça e exigir a libertação do trabalhador.

Em nota divulgada após a decisão, os advogados de Wilton afirmaram que o processo é “absurdo” e que “essa injustiça com um jovem negro, morador de comunidade, pai de família, trabalhador e estudante” não pode continuar.

Racismo

Em entrevista ao site do Jornal A Verdade no início de junho, Marcele Oliveira afirmou que Sinha está preso só porque é negro e pobre. “Eu estou arrasada, me sentindo mal. Minha filha chorou hoje dizendo estar com saudades do pai. Eu falei para ela que ele está viajando. É muito ruim se sentir impotente, conhecer alguém a vida inteira e saber que essa pessoa está sendo acusada de um crime que jamais cometeria. Me sinto mal porque sei que isso é por conta da cor da pele do Wilton. Somos sempre mal vistos, me sinto muito envergonhada. Sou estudante de Enfermagem no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, sou preta, moradora de favela, mas não sou bandida. Minha família não merecia passar por isso, ninguém merece passar por isso… Só quero que tudo isso acabe”, disse.

Essa também é a avaliação de Alcemir Oliveira, líder comunitário do Morro do Encontro, onde Sinha reside. Em um vídeo nas redes sociais, ele afirmou que “nosso povo negro, favelado, tem sofrido muita discriminação e esse caso não consigo entender de outra forma. Como que a Justiça condena um jovem que está lutando pela sua família, para crescer, se tornar alguém para mudar nossa comunidade?”.

Na mesma semana em que a Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão de Sinha, o TJ-RJ decidiu pelo foro privilegiado para o “senador rachadinha” Flávio Bolsonaro (PRB) no caso de corrupção envolvendo o gabinete do filho Zero Um do presidente da República. Ou seja, para o povo pobre e preto, a cadeia, mesmo sem provas. Mas para os filhos milicianos do PR, todas as benesses, recursos e privilégios. A luta pela liberdade de Sinha continuará até que mais essa injustiça seja desfeita.

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