Por Giulia Alves
BRASÍLIA – No dia 29 de junho, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) decreta estado de calamidade pública em decorrência da baixa capacidade de resposta à Covid-19. A partir disso, é permitido ao GDF parcelar dívidas e mover o orçamento para as ações que possam combater a doença.
Contudo, no dia 2 de julho, exatos 3 dias após o primeiro decreto, lançou outro flexibilizando quase que completamente os estabelecimentos do DF, mesmo os não necessários, como as academias e salões de beleza que podem ser reabertos a partir do dia 7 de julho, bares e restaurantes a partir do dia 15. Por que Ibaneis decretou estado de calamidade ao mesmo tempo que deseja reabrir tudo?
Não contente, ordenou que escolas e faculdades privadas retomassem às atividades presenciais no dia 27 de julho e as públicas no dia 3 de agosto. Como ele mesmo disse em entrevista à um grande canal de comunicação:, a Covid “vai ser tratada como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início”.
Na mesma entrevista também teceu elogios ao novo cotado para ministro da saúde, o general Eduardo Pazuello: “Pandemia é guerra, guerra se trata com general. O general Pazuello tem de ser confirmado como ministro da saúde. Ele vai ser o maior ministro da história do Brasil”.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), atentou ao governo que fizessem a correção do número de leitos disponíveis, já que os diversos que estão sendo contados como próprios para receber os pacientes estão, na verdade, bloqueados. Ou seja, o cidadão que possa vir a precisar de um leito não sabe se será atendido ou morrerá na fila à espera.
Suspeita de crime eleitoral
No dia 3 de julho, a Polícia Federal indiciou Ibaneis por crime eleitoral em suposta omissão de despesas durante a campanha de 2018. Mais de 1 milhão de reais não foi declarado na prestação de contas e teria sido desviado em candidaturas laranjas. Segundo a Folha de S. Paulo, consta no inquérito o questionamento em que colaboradores e militantes foram registrados nas prestações de contas das então candidatas Kadija Almeida e Dolores Moreira da Costa. Elas declararam a verba, contudo, o destino desse dinheiro teria sido usado para pagar a militância de rua de Ibaneis.
O ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) já havia denunciado o então candidato por compra de votos e abuso de poder, pois, durante a campanha, havia prometido reconstruir casas derrubadas pela Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS) com o próprio dinheiro. Surpreendentemente, o recurso foi negado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por falta de provas, mas o vídeo da promessa de Ibaneis pode ser facilmente encontrado em uma rápida busca no Google.
Retornando ao contexto pandêmico, é dever de todo representante público fornecer os subsídios necessários para a manutenção da vida e não virar as costas para o sofrimento de uma população, que é impedida de cumprir a quarentena pela pressão do empresariado e de um governo federal que não garante o pagamento do auxílio emergencial de forma justa.
O governador demonstra seu completo alinhamento e submissão ao governo federal e os empresários que negam a gravidade da doença, que já levou a óbito mais de 60 mil pessoas no Brasil, enquanto Brasília tem mais de 45 mil casos confirmados e mais de 500 mortes. Para eles, os trabalhadores são facilmente substituíveis caso morram, já que o índice de desemprego durante a pandemia só aumenta.
Se os trabalhadores não tivessem sido colocados nessa emboscada articulada pelos empresários e políticos, não seriam obrigados a trabalhar escondido, furando a quarentena, para obter o sustento de suas famílias. Brasília necessita de um governo popular que seja responsável com as demandas de manutenção da vida e não do próprio enriquecimento.