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terça-feira, 19 de março de 2024

Prefeitura de Campo Magro quer desabrigar 900 famílias em meio a pandemia

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ARRECADAÇÃO – O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) está arrecadando doações para ajudar todos os moradores da ocupação que vão continuar lutando pelos seus direitos a uma vida digna e um local para viver. (Foto: Jornal A Verdade)
Darian Christiane e André Oliveira

PARANÁ – O prefeito Cláudio Casagrande tem feito de tudo para que quase 2.700 pessoas fiquem sem casa em meio a pandemia da Covid-19, no município de Campo Magro, no Paraná. A área ocupada pertencia ao governo do estado do Paraná e foi cedida à Fundação de Ação Social (Fas) de Curitiba, segundo constatou o jornalismo investigativo do jornal “Parágrafo 2” em matéria recente (além dos relatos dos atuais moradores). Esse local, anteriormente, era um abrigo para pessoas em situação de rua e um local de reabilitação para dependentes químicos. Porém, desde 2009 o estado e a prefeitura não quiseram mais arcar com o custo do local e simplesmente largaram a estrutura ao completo descaso.

No dia 25 de maio a área foi ocupada acolhendo várias famílias que sofrem na pele toda a injustiça causada pelo falho e cruel sistema capitalista. Famílias que foram despejadas e privadas de terem um lar, ainda que a constituição brasileira diga que todos têm direito à moradia. O MPM (Movimento por Moradia) luta diariamente para essas famílias tenham um pouco de dignidade. No entanto, a prefeitura de Campo Magro com o apoio o governo do Estado do Paraná e da prefeitura de Curitiba anseiam pelo dia do despejo. O motivo, em se tratando de um local ignorado pelo poder público, transcende questões territoriais.

Casagrande bloqueia ruas com entulhos para mudar a rota do transporte público e consequentemente isolar os moradores da ocupação, acusa os ocupantes de desmatar a mata nativa ainda que a Polícia Ambiental não tenha identificado crime algum durante sua visita a ocupação e usa sua influência como prefeito para atacar a imagem de todos que ali vivem.

MORADIA – Casas simples marcam as condições de vida da população que sofre com o déficit habitacional. (Foto: Jornal A Verdade)

Acontece que o referido prefeito capitaliza votos de eleitores conservadores com discursos excludentes, agressivos e eugenistas. Os acusa de ganharem dinheiro enquanto ocupam o terreno, os acusa de vestir roupas de marca e de fingir pobreza, enquanto auxilia e promove divisão entre aqueles que considera cidadãos de Campo Magro e aqueles que considera cidadãos de lugar algum. A realidade, no entanto, é outra. Todos que ali estão se enquadram na parcela da população brasileira preterida de seus direitos fundamentais, relegada à total falta de recursos, vivendo em moradias precárias e em situação de extrema miséria (coisa da qual o leitor pode facilmente constar nas imagens a seguir).

A ordem de despejo já foi dada e tem data para acontecer: dia 21 de julho. Em torno de 900 famílias precisam encontrar outro local para morar em até 15 dias úteis. Tudo isso em meio a uma situação de pandemia e rigoroso inverso paranaense, mostrando todo o descaso do Estado com o bem-estar da sua população e todo o preconceito que pessoas pobres sofrem apenas por serem pobres.

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) está arrecadando doações para ajudar todos os moradores da ocupação que vão continuar lutando pelos seus direitos a uma vida digna e um local para viver.

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