Matheus Nunes
Coordenação Nacional da União da Juventude Rebelião
SÃO PAULO – Para tentar salvar o sistema capitalista a burguesia tem ampliado a exploração da classe trabalhadora. As várias medidas adotadas pelos governos burgueses em nosso país são expressão dessa política mais dura e restritiva de direitos contra o povo. Além disso, a classe rica demonstra que está disposta a tudo para garantir seus interesses e privilégios. Prova disso foi o golpe de Estado dirigido pelos banqueiros e grandes empresários subordinados ao imperialismo contra os direitos dos trabalhadores em 2016. Como consequência desse golpe, ocorreu a eleição de um presidente fascista através de uma campanha de notícias falsas paga por grandes empresários e apoiada pelas Forças Armadas.
O governo Bolsonaro representa os ricos e mantém banqueiros, generais e milicianos ao seu lado, destruindo os direitos trabalhistas e fortalecendo os interesses imperialistas em nosso país. Em poucos meses, o governo realizou uma brutal ofensiva contra a classe trabalhadora e abandonou o povo brasileiro na pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 60 mil pessoas no Brasil. Por isso, tem crescido o descontamento nas periferias das grandes cidades.
Diante da revolta popular e do desgaste em relação ao seu governo, Bolsonaro e sua gangue incentivaram a realização de atos antidemocráticos que pedem a volta da ditadura e o fechamento do Congresso e do STF. De fato, as declarações dos seus filhos e dos militares que ocupam cargos no âmbito federal sinalizam a essência golpista desse governo. Nenhuma novidade para quem sabe que Bolsonaro sempre foi um aspirante a ditador.
Com efeito, os jovens brasileiros estão entre as principais vítimas do governo Bolsonaro. Afinal, cerca de 11 milhões não estudam e nem trabalham, entre aqueles que conseguem um emprego a maior parte vive na informalidade, só 14% acessam a universidade e, para piorar, o governo eliminou o seguro-desemprego, aprovou a reforma da previdência, estendeu a terceirização para todos os setores da economia e paga R$ 1,038 trilhão de juros e amortizações da famigerada dívida pública, ou seja, mais da metade do orçamento federal vai para banqueiros ao invés de ser investido nas áreas sociais, como saúde e educação.
Por conta desse sistema de roubo dos recursos públicos, milhões de pessoas são afetadas pela miséria e crianças vivem pedindo esmola nos faróis. Enquanto isso, os fascistas aparecem em cena reproduzindo um discurso podre, escuso e corrupto, se aproveitando da grave situação em que vivemos, para iludir a juventude instigando preconceitos e disseminando falsas promessas.
Na realidade, o fascismo tem caráter de classe e é produto da dominação do capital sobre o trabalho. Não pode oferecer nada a juventude, se não a destruição da nossa vida e do nosso futuro. Uma vez chegado ao poder, os fascistas perseguem as lutas populares, atacam os direitos do povo, censuram a educação e a cultura, e impõem uma ditadura a favor do grande capital, em especial aos benefícios dos bancos e dos monopólios privados.
Mas o povo soube responder às ameaças de golpe indo as ruas do nosso país em defesa da vida e pelo Fora Bolsonaro. Os atos antifascistas e antirracistas movimentaram milhões de jovens que querem um Brasil sem fascismo, com justiça e democracia. Como bem afirmou o Jornal A Verdade, “os trabalhadores, os oprimidos e explorados, aproveitarão a oportunidade para varrerem da nossa pátria os fascistas, os adoradores de Hitler e as marionetes do capital financeiro e dos ianques”.
É preciso destacar, portanto, o papel da juventude na luta antifascista. Mais do que nunca, é urgente conduzir um grande enfrentamento às ideias reacionárias que os fascistas e a burguesia espalha entre os jovens, realizar o bom combate cotidiano contra a falsa sensação de liberdade e o individualismo pregado pelo sistema capitalista, e perceber que é de interesse da burguesia e do fascismo fazer a manutenção das opressões para dividir a classe trabalhadora e, consequentemente, aprofundar sua exploração. Devemos defender ainda a construção e o desenvolvimento de uma sociedade sem exploração como alternativa concreta ao capitalismo.
São vários os exemplos de abnegação que a juventude deu em todos os lugares onde o fascismo quis transformar milhões de jovens em escravos do capital. Os fascistas falharam e não conseguiram arrancar a rebeldia e a combatividade que pertence a juventude.
Diversos países da União Soviética e da Europa foram invadidos pelo nazifascismo, e as organizações juvenis se somaram nas frentes populares que resistiam aos regimes implantados por Hitler e Mussolini. Participando da primeira linha da luta antifascista, a juventude comunista apontou o caminho do que fazer perante o avanço do fascismo: lutar junto aos trabalhadores, sem desânimos e com disposição; não se render aos desafios da batalha; adotar uma atitude de coragem; ter orgulho de carregar a bandeira da esperança e confiar sempre nas forças do povo.
O bolchevique Mikhail Kalinin, em seu discurso no aniversário de 25 anos da União das Juventudes Comunistas Leninistas da URSS, pronunciou:
“Os hitleristas atentaram contra o que de mais precioso possuía e possui a juventude soviética, contra sua liberdade e seus princípios ideológicos, contra toda a imensa riqueza moral e material da cultura soviética, patrimônio de nossa juventude. E ela, com todo o seu ardor juvenil, sustenta contra o inimigo uma luta de morte em defesa de seu futuro. Todos conhecem o maravilhoso caso da Jovem Guarda, a organização do Komsomol criada na cidade de Krasnodon da região de Vorochilovgrad. Apesar do brutal regime de terror implantado pelos nazistas, Olep Koshevói, Ivan Semnúkhov, Serguéi Tiulênin, Uliana Grómova, Liubov Shevtsova e os demais integrantes da organização Jovem Guarda não inclinaram suas orgulhosas cabeças ante os invasores. (…) Estes jovens travaram uma luta feroz, que parecia superior às suas forças. A maioria dos rapazes e moças da “Jovem Guarda” morreu heroicamente, mas a causa pela qual lutaram, a causa de Lênin e Stálin vive. Não há força capaz de destruir a alma do povo, de um povo que ama sua pátria, sua liberdade e sua independência. O lugar dos que tombam é ocupado por novas e novas legiões dispostas a continuar sua gloriosa obra.”
– Mikhail Kalinin: Combatente Auxiliar do Partido Bolchevique, 1943.
De fato, o nazismo não foi capaz de destruir o amor do povo soviético pela revolução socialista. Em maio de 1945, após uma longa jornada contra os inimigos da paz e da humanidade, o Exército Vermelho derrotou definitivamente as tropas nazistas, hasteando a gloriosa bandeira soviética em cima do Parlamento alemão.
Então, na contramão do que dizem erroneamente alguns partidos reformistas assustados pelos adoradores de Hitler, a história também demonstra que a juventude não cruza os braços, não se esconde e não concilia com a burguesia ao ver passar o bonde fascista. Assim foi na época da ditadura militar que vigorou 21 anos em nosso país, com jovens como Manoel Lisboa de Moura, Iara Iavelberg, Helenira Resende, Emmanuel Bezerra dos Santos, Sônia e Stuart Angel, entre tantos revolucionários, entregando suas vidas pela verdadeira emancipação do povo brasileiro.
Embora a ditadura fascista ser um governo sanguinário, a juventude revolucionária manteve sua honra e sua moral comunista mais fortalecida e elevada por conta da convicção de que o povo é invencível e uma fonte inesgotável de lutadores e lutadoras. É imprescindível resgatar, estudar e incorporar com seriedade esses exemplos, que devem nortear a luta atual, e saber como se comportou os revolucionários e as revolucionárias nos momentos mais extraordinários da luta.
Como afirmou o líder bolchevique Georgi Dimitrov, “o fascismo é um poder feroz, porém precário”. De fato, os fascistas temem as forças do povo, sentem medo da revolução proletária e por esse motivo apelam para o terror e a velha demagogia. Não cair em provocações da extrema-direita, se preparar para enfrentar a repressão e não permitir que o inimigo penetre nas fileiras da organização revolucionária de juventude são deveres imprescindíveis para derrotar o fascismo.
As experiências da luta contra fascismo ensinam que o sucesso reside na construção de um amplo e paciente trabalho de massas junto aos explorados e oprimidos. Nossa tarefa é organizar e envolver mais jovens na luta política e reivindicatória contra as medidas de arrocho de salário e o desemprego, para dar um basta a falta de acesso à educação de qualidade, resistir ao extermínio da juventude negra praticado pelo Estado racista nos bairros pobres, e lutar pelo fim da violência que mata as jovens mulheres. Em resumo, derrubar os castigos do capitalismo na vida da juventude, realizar uma revolução e construir o poder popular e o socialismo.
Eles têm o poder econômico, político e militar, mas não estão com o povo e não possuem o apoio do povo. Portanto, devemos acelerar a construção da Unidade Popular, unir e mobilizar a juventude nas periferias, nos locais de trabalho, nas universidades e nas escolas, para lutar pelos seus direitos, ocupar as ruas pelo “Fora Bolsonaro, Impeachment Já! Por um governo popular!” e fortalecer a solidariedade aos setores mais vulneráveis do povo brasileiro.