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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Trabalhador rural é assassinado por pistoleiros no interior do RJ

VIOLÊNCIA – Casas do assentamento foram incendiadas e um agricultor foi assassinado por jagunços a serviço do latifúndio (Arte: JAV/Rio)

De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ) essa não foi a primeira vez que o local foi alvo de ataque. O principal suspeito é o grileiro Matheus Canellas, que reivindica a propriedade de parte da antiga fazenda Negreiros, desapropriada pelo INCRA em 2008. 

Por Redação Cabo Frio

RIO DE JANEIRO – Desde a última segunda-feira (6), trabalhadores rurais do Acampamento Emiliano Zapata, localizado na cidade de São Pedro d’Aldeia, na Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro, voltaram a ser aterrorizados por pistoleiros, que invadiram o local queimando casas e matando animais de criação. Na quarta (8), um novo ataque acabou com o assassinato do trabalhador rural Carlos Augusto Gomes, conhecido como Mineiro.

Segundo testemunhas, os jagunços estavam acompanhados de policias militares do 25º BPM fora de serviço. Além de Mineiro, outro trabalhador, Sebastião de Souza, foi baleado no joelho.

De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ), que coordena o assentamento, essa não foi a primeira vez que o local foi alvo de ataque. O principal suspeito de promover atos de violência contra os assentados é o grileiro Matheus Canellas, que reivindica a propriedade de parte da antiga fazenda Negreiros, desapropriada pelo INCRA em 2008. 

Em 2018, no dia 25 de dezembro, Canellas e seus capangas já haviam invadido o assentamento e queimado casas, matado animais e ameaçado moradores.  O presidente Fetagri, Oto dos Santos, também tem sofrido ameaças de morte. 

Os conflitos na região cresceram bastante desde o início do governo Bolsonaro, que já declarou por diversas vezes apoio à violência de latifundiários contra trabalhadores rurais sem-terra. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CTP), em 2019 o número de conflitos rurais no Brasil foi o maior em nove anos.

Em nota, o MST-RJ disse que “é inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal com o aparato do estado. Mais grave é saber que nosso judiciário diante da sua morosidade acaba por legitimar essas ações violentas de quem alega ser proprietário e que usa o aparato do estado para intimidar e ameaçar famílias de trabalhadores rurais”.

A nota segue afirmando que “a reforma agrária é um direito imposto pela Constituição e não pode ser suprimido por um Judiciário defensor da propriedade privada absoluta, por uma autarquia como o INCRA que de forma desleixada abandona os trabalhadores a própria sorte, por um governo federal que insufla o discurso de ódio contra os trabalhadores e todos os que lutam pela dignidade do acesso à terra”.

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